O debate entre Donald Trump e Kamala Harris pode decidir as eleições americanas
As últimas pesquisas mostraram empate entre os dois candidatos à Presidência dos Estados Unidos
O debate entre Donald Trump e Kamala Harris, realizado na noite desta terça-feira (10) pela ABC News, pode ter sido decisivo na corrida à Casa Branca. As últimas pesquisas mostraram empate entre os dois candidatos. Comparando com o turfe, os concorrentes estão praticamente empatados, cabeça a cabeça. Por isso, o desempenho deles no debate, tão perto das eleições, pode fazer a diferença. É impossível não comparar os debates atuais com aquele protagonizado por Kennedy e Nixon em 1960.
O próprio Republicano admitiu que perdeu as eleições devido ao seu desempenho no confronto. Enquanto Kennedy se mostrou descansado, altivo, jovial, atento, Nixon debateu com ar cansado, barba por fazer e olhos perdidos, sem foco, fora da direção das lentes das câmeras. Serviu de exemplo Até hoje, os especialistas revisitam o episódio com o objetivo de mostrar que essa diferença foi decisiva para o resultado das eleições. Tanto assim que nos pleitos seguintes nenhum candidato repetiu mais os erros cometidos por Nixon.
Todos se preparam com esmero, cuidando especialmente da aparência. Assim que terminou o confronto desta terça-feira, apareceram as primeiras pesquisas para medir quem poderia ter sido vencedor. Mais uma vez as opiniões ficaram divididas. Enquanto Kamala foi mais bem avaliada nos temas sociais, como Saúde e aborto, Trump se saiu melhor nas questões relacionadas à economia, especialmente nas críticas que fez sobre a inflação. Sem muita novidade Como era esperado, houve ataques de parte a parte e os temas discutidos não fugiram das expectativas.
Trump destacou o fato de Kamala ser de extrema esquerda, enquanto ela o criticou insistentemente pela má gestão durante a pandemia de Covid-19. Chamou bastante atenção o comportamento dos dois debatedores nos momentos em que o adversário estava falando. Tanto um quanto o outro sorriam de forma irônica, balançavam a cabeça negativamente para demonstrar que as palavras que ouviam não correspondiam à verdade. Como não podiam interferir no discurso do oponente, já que o microfone estava fechado, essa foi a estratégia adotada para tentar influenciar a opinião dos eleitores.
Houve reviravoltas
Com visual mais discreto, Trump não partiu ostensivamente para o ataque, preferindo permanecer estrategicamente na defensiva. Esse era o momento de não perder votos. Nos últimos tempos, houve diversas reviravoltas, como se a política se equilibrasse numa verdadeira gangorra. Trump obteve alguns pontos positivos, como por exemplo, ter esmagado Biden no debate, fato decisivo para que este desistisse de concorrer; o atentado que sofreu, sendo atingido por um tiro na orelha, uma comoção generalizada que o deixou em posição confortável.
O jogo virou com a indicação de Kamala Harris como candidata Democrata. Essa novidade parece ter eclipsado os acontecimentos anteriores e deixado Trump em segundo plano. Tudo equilibrado O momento de destaque de Kamala se dissipou, equilibrando novamente a disputa entre os dois. Trump aposta na sua experiência e por ser mais conhecido que a adversária. Por esse motivo, comportou-se de forma mais discreta no debate, para não correr o risco de perder o eleitorado que conquistou. Talvez sejam votos suficientes para vencer o pleito.
Em outros tempos, provavelmente, concordaria com a proposta da adversária de deixar os microfones abertos durante o confronto. Avaliou que um possível bate-boca com ela não lhe traria benefícios e que seria melhor manter as regras combinadas, com os microfones fechados. As pesquisas podem ter se equivocado Mesmo com o esforço de manter a imparcialidade, as pesquisas sempre estão sujeitas ao risco de certa tendência na medida da opinião dos eleitores. O ideal é aguardar os próximos dias para constatar a avaliação mais correta dos telespectadores.
Para quem estava acostumado a ver discussões de nível duvidoso, com ataques pessoais de todos os candidatos, deve concordar que esse confronto trouxe também temas mais relevantes. Mesmo fugindo aqui e ali dos questionamentos feitos pelos moderadores, tiveram de debater matérias que interessam aos americanos, como a saída do Afeganistão, imigração e inflação.
Ninguém poderá acusar Kamala Harris de requentar assuntos debatidos à exaustão ao longo dos últimos quatro anos, mas ao trazer à baila questões relacionadas à invasão do Capitólio e condenações criminais do adversário, parece não ter tido argumentos mais poderosos para o seu ataque. A não ser que tenha julgado que esses pontos poderiam mesmo sensibilizar o eleitorado.
Falando em moderadores, essa foi uma das principais reclamações de Trump após o debate. Segundo ele, os moderadores não foram isentos, tanto que o republicano afirmou que aquele foi “o melhor debate da sua vida, considerando que foram três contra um.” Ou seja, ele teve de debater não apenas contra Kamala Harris, mas também contra os dois moderadores. Verdade ou não, esse papel de vítima pode ter um impacto considerável na percepção pública.
Alguns especialistas afirmam que essa conduta mais defensiva de Trump, fora de suas características normais, talvez tenha sido uma péssima escolha para ele, pois se houve algum equívoco de cálculo, em pouco tempo dificilmente conseguiria se recuperar. São apenas conjecturas que poderão ser ou não confirmadas nos próximos dias. Siga pelo Instagram: @polito
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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