Os acertos de Bolsonaro nos primeiros mil dias de governo
Com certeza você poderá encontrar muitos pontos positivos ou negativos na atuação do presidente nesse período; nada, porém, são só acertos ou erros, e sempre há o que melhorar e aperfeiçoar
De maneira geral, os críticos do presidente Jair Bolsonaro têm dificuldade para fazer elogios a ele, enquanto que seus apoiadores ficam com os olhos turvados para os defeitos. Se pedirmos a um bolsonarista que aponte as principais falhas do chefe do Executivo, na maioria das vezes ouviremos apenas que ele não sabe se comunicar. Mas darão nó na língua para apontar outros erros. Da mesma forma, se instigarmos um antibolsonarista a relacionar algumas qualidades do presidente, ele dará rodopios e cambalhotas para no final abrir a caixa de acusações. Vai dizer que ele é genocida, ditador, autoritário, misógino, homofóbico. Se insistirmos na mesma questão, provavelmente dirá que não dá para ver qualidade em um miliciano, bronco e desqualificado. Mas não apontará uma única qualidade sequer.
Se pudéssemos olhar com lentes mais isentas os mil primeiros dias do governo Bolsonaro, seria possível discorrer sobre algumas de suas qualidades e defeitos. Entre suas principais conquistas está o fato de sermos o quarto país no ranking mundial de vacinação. Também há o mérito de ter feito o pagamento do auxílio emergencial. Só em 2020, segundo a Caixa Econômica Federal, houve desembolso de R$ 293,1 bilhões de recursos para 68 milhões de brasileiros. Além dessa iniciativa, a Caixa liberou R$ 36,5 bilhões do Saque Emergencial do FGTS a 51,1 milhões de pessoas. Essas ações se mostraram fundamentais para dar dignidade e até salvar a vida dos mais necessitados. Foram firmados mais de 500 mil acordos pelo Programa Emergencial de Manutenção do Emprego e da Renda. Houve forte recuperação dos empregos, atingindo mais de 1,5 milhão de postos de trabalho com carteira assinada no primeiro semestre. As projeções apontam avanço do PIB na ordem de 5,3%.
Os quilômetros de estradas rodoviárias e ferroviárias planejados e construídos também impressionam. Inúmeras pontes e rodovias que estavam paralisadas há anos foram concluídas em pouquíssimo tempo. Está levando cada vez mais água para o Nordeste. Por mais má vontade que alguém possa ter, essas e outras conquistas não podem passar despercebidas. O próprio Fundo Monetário Internacional (FMI) elogiou o desempenho econômico brasileiro. Destacaram que os nossos resultados estão acima do esperado, graças à resposta enérgica das autoridades nesse período de pandemia. E os defeitos? Os maiores erros de Bolsonaro residiram principalmente em algumas de suas escolhas. Embora tenha montado um bom quadro de ministros, nem todos vingaram. Só para mencionar alguns. Ernesto Araújo, ex-ministro das Relações Exteriores, exagerou nas questões ideológicas, e também comprometeu, segundo o presidente da Câmara, Arthur Lira, o diálogo com a comunidade internacional.
Na Educação, depois de uma sofrível gestão, Ricardo Vélez, que nem chegou a esquentar a cadeira do ministério, foi substituído por outro que não tirava as questões ideológicas da cabeça, Abraham Weintraub. Teve de deixar a pasta por causa de seus conflitos com o Supremo Tribunal Federal (STF). Ocupou o seu lugar Carlos Decotelli. Alguém se lembra dele? A volta do que não foi. Pois é, chegou e saiu em apenas cinco dias. O motivo foram algumas informações inconsistentes que ele havia colocado em seu currículo. Houve tropeços também na área da saúde. Luiz Henrique Mandetta, por exemplo, pelo ineditismo da pandemia, não soube orientar bem a população. Em vez de sugerir que as pessoas procurassem pronto atendimento, pedia que ficassem em casa. Essa prática se mostrou logo equivocada. E não adianta o presidente criticar essa conduta hoje, pois o ministro era seu. Quem o sucedeu foi Nelson Teich, que também não foi bem avaliado, pois ficou menos de um mês na função.
O próprio Bolsonaro reconheceu que em certos casos não fez a escolha mais acertada. Disse que o ideal seria iniciar seu governo agora. Ou seja, com a experiência que adquiriu, não cometeria as falhas que cometeu. Outro deslize na sua conduta foi ter insistido para que o filho Eduardo assumisse a embaixada nos Estados Unidos. Essa indicação, embora não fosse ilegal, deixou aquela marca paternal, que não fica bem para a imagem de um governo que deseja se mostrar austero. Já que o assunto é política internacional, não pegou bem o presidente se mostrar tão amigo de Donald Trump, dizendo aos quatro ventos que torcia para a reeleição dele. O presidente norte-americano não venceu as eleições, e Bolsonaro teve de enfrentar a má vontade de Joe Biden. E para não ficar longe do comentário dos bolsonaristas, a sua comunicação poderia sofrer reparos. Não precisaria ser tão beligerante com a imprensa, nem recorrer ao excesso de brincadeiras, especialmente aquelas com conotações sexuais. São de mau gosto e beiram à vulgaridade. Com certeza você poderá encontrar muitos outros pontos positivos ou negativos na atuação do presidente nesses mil primeiros dias. Nada, porém, são só acertos ou erros. Como em todos os governos, sempre há o que melhorar e aperfeiçoar. Siga pelo Instagram @polito.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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