Da festa de 15 anos para a arquibancada: a nova moda das meninas é acompanhar futebol e ser apaixonada pelo esporte

Nada de ‘maria chuteira’: a nova geração marca presença nos estádios e transborda amor pelo clube; pesquisa aponta que 44% dos fãs de futebol são mulheres

  • Por Renata Rode
  • 20/08/2023 08h00 - Atualizado em 21/08/2023 08h37
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Keila Regina/Arte na Tela/Divulgação Adolescente enrolada na bandeira do Corinthians A debutante Beatriz Rode Gabrelon mostrou sua paixão pelo Corinthians durante a festa de aniversário de 15 anos

Lugar de mulher é no estádio, também! Aliás, quando elas não vão ao estádio, a paixão pela bola vem até elas. Tanto que nas redes sociais acompanhamos a crescente de vídeos que mostram meninas em suas festas de 15 anos descendo escadarias ao som dos hinos ou mesmo sendo surpreendidas por mensagens de seus ídolos preenchendo o telão e virando o assunto da festa, literalmente. Foi o que aconteceu com minha linda sobrinha, Beatriz Rode Gabrelon, durante seu aniversário, que aconteceu em um buffet na Zona Leste de São Paulo. Filha de pai palmeirense, a estudante acabou cedendo à paixão pelo Corinthians que herdou do avô, Rubens Rode Junior, desde muito cedo. “Eu via meu pai e avô conversando sobre futebol e me encantei pelo amor que meu avô tem pelo Timão. Minha mãe conta que quando o time perdia, ela não podia pedir nada a ele porque, por horas, parecia que o mundo tinha acabado. Vi diversas vezes meu avô chorar e se emocionar em frente à TV e aprendi que ser torcedor e fiel é contagiante, de verdade”, fala. 

De acordo com levantamento realizado pela Kantar Ibope em 2022, focado em mídias digitais, mulheres representam 44% da base de fãs de futebol no país, ou seja, o público feminino representa uma grande parte nos estádios e começou a ser respeitado porque vai pela beleza do esporte, e não tanto pela beleza dos jogadores. Saem as “maria-chuteiras” e entram as meninas antenadas, que também querem ter voz e lugar. Para José Colagrossi Neto, superintendente de marketing do Sport Club Corinthians Paulista, esse cenário é empolgante. “Vemos mais mulheres nas redes sociais sobre clubes e futebol, mais sócias no Fiel Torcedor, mais corintianas na arquibancada. E os dados do Ibope Repucom corroboram essa sensibilidade, afinal é um crescimento de 26% nos últimos cinco anos, quase 47 milhões de brasileiras com algum nível de interesse em futebol. Em termos de crescimento atual e potencial de mercado, é fantástico.”

Beatriz Rode Gabrelon dança valsa com o avô Rubens Rode Júnior ao som do hino do Corinthians (Keila Regina/Arte na Tela/Divulgação)

Ainda, segundo a pesquisa do Ibope Repucom, percebe-se uma evolução de 9,5 milhões de novas mulheres interessadas em futebol. Nos últimos cinco anos, o interesse por futebol no público feminino apresenta estabilidade na sua proporção. Assim como em 2018, hoje cerca de 80% das mulheres afirmam ter qualquer nível de interesse pelo esporte, o que representa atualmente um mercado potencial consumidor de 47 milhões de indivíduos do sexo feminino. Agora, considerando todo o grupo de Interessados por Futebol, a parcela feminina é de 48%, demonstrando o pleno equilíbrio entre os gêneros.

A debutante é prova viva de que essa paixão só cresce, afinal, esta colunista organizou uma surpresa para ela produzindo vídeos de feliz aniversário dos campeões Cássio Ramos e Yuri Alberto, que preencheram os telões do evento e empolgaram Beatriz e seus convidados. O momento em que os atletas apareceram com mensagens gentilmente gravadas pela assessoria do clube foi o ponto alto da festa e arrancou lágrimas do avô, que foi surpreendido com o pedido de valsa da neta, ao som de “Salve o Corinthians” em versão orquestrada. “Quando ela disse que eu dançaria com ela, não imaginei que o hino estaria no protocolo, e fui tomado pela emoção. Posso dizer que ser corintiano é um estado de espírito, que vai além da paixão que corre nas veias. Bia foi infectada por esse amor, e acompanhar minha neta descendo as escadas enrolada na bandeira preta e branca e gritando sua paixão é como um sonho. Além disso, tendo um lado corintiano na família e outro palmeirense, através do meu cunhado e outra sobrinha, faz a gente propagar o respeito e amor ao próximo. Sou da época em que as torcidas iam juntas nos estádios, não tinha briga, não tinha bobagem. Enquanto dois idiotas se juntavam para brigar, outros vinte estavam lá para apartar e tudo ficava bem. Sou da época do futebol arte, das famílias vibrando juntas e, de certa forma, resgatamos isso em nossos momentos em frente à TV”, desabafa Rubens.

E o entusiasmo já invade outras frentes, já que Lara, minha filha de 11 anos, agora não perde um jogo do Timão e conta, toda empolgada, que virou goleira durante as aulas de educação física na escola e no condomínio. Acompanhar essa crescente de perto é um presente porque demonstra novos tempos, em que nós mulheres, podemos nos expressar, gostar e gritar, torcendo e até entendendo um pouco do jogo. Sem falar nas profissionais que fazem bonito, nos bastidores das competições, nas coberturas esportivas, nas seleções Brasil afora e dentro e fora de campo, sempre, de olho no lance.

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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