De office boy a rei das soluções capilares: Luiz Crispim conta como transformou vivência difícil em propósito
Empresário relembra pobreza na infância, momentos em que tinha o cabelo raspado para tratar de doença e conta como superou isso
O cabelo é muito mais que a moldura do rosto, isso está comprovado inclusive por estudos. De acordo com uma pesquisa publicada pela Svenson, Clínica de Tricologia de Londres, 82% das pessoas afirmam que seus cabelos têm influência emocional direta em suas vidas, ou seja, afetam também a saúde mental. Falando de cenário nacional, um estudo promovido pela marca Seda apontou que 95% das brasileiras sentem que os cabelos são parte fundamental da aparência. E nós sabemos que isso acontece, afinal, quem nunca viveu um “bad hair day”, expressão usada por Philip Kingsley, famoso tricologista britânico e também o criador do pré-xampu na década de 70?
A importância do cabelo é tão grande que vivências negativas de infância relacionadas aos fios podem ser traumáticas e, em alguns casos, chegam a transformar vidas. Foi o que aconteceu com Luiz Crispim. Hoje conhecido como o rei das soluções capilares, o empresário e cabeleireiro é dono de um império que atende e empodera milhares de mulheres Brasil afora, mas nem sempre foi assim. “Eu tenho carinho enorme pelos cabelos porque cresci em uma comunidade muito pobre e lembro que, na escola, ficava com feridas na cabeça por causa da infestação de piolhos. Isso era recorrente, porque eu tinha uma mãe que teve paralisia na infância e não sabia nem tinha os recursos para cuidar. Eu tive muitas doenças de couro cabeludo. Aos sete anos, sofri bullying porque andava com a cabeça raspada e enfaixada e as outras crianças achavam que eu era doente por conta disso e me excluíam. Quando atendo hoje, me transporto para aquele menino, para as sensações e pensamentos horríveis que tinha e percebo o que minha cliente está passando. Só quem vive, sabe”, relembra, emocionado.
Do menino que cresceu com feridas emocionais e físicas ao homem que passou a sustentar a casa depois de ter o pai assassinado na sua frente, Luiz começou a vida profissional como office boy no centro de São Paulo, mas o destino quis diferente e mostrou pra ele que a paixão pelos fios não nasceu apenas de algo marcante que passou na infância, sempre existiu. “Eu era entregador em um prédio e no primeiro andar ficava uma loja de perucas. Sempre que entrava admirava o trabalho, a delicadeza e possibilidades de transformações que aqueles itens promoviam, até que a dona percebeu e começou a me inserir no mundo da beleza e nunca mais parei”, conta.
Assim, há mais de dez anos ele cuida de homens e mulheres, famosos e anônimos, fazendo o bem. E olha que o tema de perda de cabelo está cada dia mais em evidência, já que até a novela global “Vai na Fé” aborda o assunto. A personagem Dona Marlene sofre de alopecia, interpretada pela atriz Elisa Lucinda. Na matéria especial que foi ao ar no Fantástico, Lully foi entrevistado e falou sobre a trajetória no cuidado com pessoas que sofrem com a perda capilar.
Além disso, a pandemia de Covid fez novas vítimas, já que a perda de cabelos foi o quarto problema mais relatado por pacientes infectados, de acordo com uma pesquisa feita por universidades do México, Suécia e Estados Unidos. A pesquisa contou com 48 mil entrevistados, sendo que, do total, 25% afirmaram ter essa sequela. Diante desse fato, os negócios da empresa Lully Hair cresceram, após a dificuldade vivida com o isolamento social. “Tive que diminuir o número de funcionários e me readequar, porque, com a pandemia, tudo parou. Agora, retomamos com força total, até porque acusamos um crescimento de pelo menos 20% no atendimento de queixas referentes à queda de cabelo entre nossos clientes”.
Até o próprio cabeleireiro conta que já teve queda de cabelo ocasionada por estresse intenso e é usuário de soluções capilares, cada vez mais presentes não só na vida das mulheres, mas também na de homens. “É claro que o atendimento é diferenciado, mas é possível fazer prótese de franja ou alongar parte de uma região da cabeça com um propósito, de forma que fique muito natural o resultado. É que analisamos não só o problema, mas também uma solução que não vá influenciar o tratamento e que, ao mesmo tempo, seja prática e o mais natural possível”, explica.
Do limão à limonada, mesmo com tantos obstáculos, o empresário oferece soluções capilares da mais alta tecnologia, em uma estrutura localizada no Jardins, na capital paulista e afirma que o que passou fez com que o sentimento de fazer o bem ao próximo só crescesse. Ele, que já foi entrevistado por diversos programas de televisão, rádio e na internet, divide o tempo entre atendimentos, a administração dos negócios e causas sociais. “Quando a cliente chega aqui com histórico de perda capilar, seja por qualquer motivo, ela está fragilizada, insegura e infeliz e é minha obrigação mudar isso, da forma mais delicada, natural e orgânica possível. Eu coloquei um propósito no meu coração, o de ajudar as pessoas, e hoje luto demais e ajudo sempre que posso, porque tenho uma equipe, um trabalho que envolve inclusive outras famílias, as dos meus colaboradores. e tenho responsabilidades. Então, é claro, existe o trabalho social, mas existe uma estrutura toda atrás disso e muitas responsabilidades”. Podemos dizer que ele sabe bem equalizar o serviço, já que sempre realiza ações sociais, mesmo em meio à correria de atendimentos, eventos e viagens. Hoje, distante da realidade de pobreza que o criou, ele se diz grato e praticante do hábito que ainda pode mudar o mundo: fazer e espalhar o bem, como uma corrente sem fim. E melhor ainda, ele faz isso através de um trabalho lindo de viver, que é o de recuperar a autoestima e doar saúde mental a todos. Por isso, a gente sempre agradece!
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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