Confira seis dicas para administrar a vida escolar de seu filho

Autor do best-seller ‘Aprendizado Sem Limites’, Pedro Miranda diz que disciplina, a rotina e o exemplo dentro de casa podem, inclusive, tornar as escolas mais seguras

  • Por Renata Rode
  • 28/04/2023 15h05 - Atualizado em 29/04/2023 08h39
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Reprodução/Freepik/Fotos Gratuitas Alunos com mão levantada em sala de aula Alunos em sala de aula respondendo a pergunta de professora

Diante do cenário que se instalou dias atrás sobre o medo pelos ataques em ambiente escolar, eu como mãe me fiz uma pergunta: “Até onde temos a nossa culpa?”. Quando pensamos que essas coisas só acontecem longe da gente, é que situações como as noticiadas nos últimos meses nos pegam de surpresa e fazem o coração apertar. Assim, esta coluna resolveu, no Dia da Educação, falar com um especialista sobre esse tema. “Os pais exercem um papel fundamental na vida acadêmica do aluno. Na escola ele aprende, mas é em casa, diariamente, que os estudantes vão aprimorar, e utilizar, tudo que receberem de conhecimento no colégio. No passado, o aprendizado acontecia na base da disciplina punitiva, das ameaças e agressões. Hoje, já sabemos que esses métodos são completamente ineficazes”, explica Pedro Miranda, fundador do IPM Educação e autor do best-seller “Aprendizado Sem Limites”. 

Atualmente, pais tem outro desafio: competir com telas e seus atrativos – e os números são assustadores. De acordo com um levantamento da Electronics Hub, os brasileiros passam, em média, 16 horas acordados, sendo pelo menos nove olhando para telas de celular, computador, televisão ou videogame. As crianças são uma parcela da população ainda mais prejudicada com isso, já que, vídeos curtos de redes sociais impulsionadas viciam. Um estudo publicado na revista científica “NeuroImage” comprova que áreas do cérebro ligadas ao sistema de recompensa são ativadas por esses vídeos, geralmente de curta duração, com músicas que grudam na cabeça. “Enquanto assistimos a um vídeo, o cérebro recebe uma alta dose de dopamina, que faz com que a gente se sinta feliz e satisfeito. Se nós adultos já sentimos que temos que nos controlar diante de telas, imagina como fica uma criança? Por isso, é essencial garantir que as crianças e adolescentes, cada dia mais, se interessem pelos estudos, como fazem com a televisão, ou com jogos de videogame e entendam a importância disso para a vida adulta”, comenta.

Muitos estudantes têm problemas nos estudos, por diversas razões, mas a principal causa é a falta de interesse, disciplina e rotina. Problemas cognitivos ou emocionais existem, mas podem ser suavizados com uma estruturação da criança desde o início. A participação dos pais na educação dos filhos é ponto primordial para que os estudantes tenham uma vida acadêmica mais vantajosa. É fato, também, a contribuição das escolas neste processo, contudo, ainda não é o principal. Como fator de ensino dedicado, com total conhecimento, teoricamente, as escolas dispõem de profissionais capacitados para as corretas orientações sobre cada matéria. No entanto, os pais são os responsáveis por auxiliar os filhos no dia a dia, inclusive, motivando-os aos estudos. 

O especialista em educação estabelece que os filhos devem ser aguçados a ter disciplina com suas obrigações e com os estudos dentro de casa e que a forma de estimular essas crianças vem mudando ao longo dos anos e com o avançar tecnológico. Pedro esclarece que, além de criar cidadãos mais conscientes, um aprendizado adequado facilita, e muito, quando eles precisam fazer provas, seja nas escolas ou exames, como Enem e vestibular, sendo que os benefícios vão além. “É importante ressaltar que toda criança necessita de disciplina pelo estudo. Uma criança ou um adolescente não tem a maturidade de perceber que o estudo é fundamental em sua vida. E aqui não estamos falando apenas do estudo escolar (matemática, português e outros), estamos falando do aprendizado como um todo, desde novas tecnologias até educação financeira infantil. É muito mais fácil para uma criança passar o dia em uma tela de celular ou jogando futebol do que estudando. Além disso, ao estimular seu filho a estudar de maneira prazerosa, você acaba formando um cidadão mais consciente de sua responsabilidade em sociedade e torna a escola um ambiente mais acolhedor, como se fosse extensão da casa. Esse movimento o prepara para a vida adulta já que passamos a maior parte do tempo trabalhando e não em atividades somente prazerosas ou em telas, não é mesmo?”, provoca Miranda.

Não há certo ou errado com fórmula mágica na educação dos filhos. O que existe é a melhor forma dos filhos aprenderem sobre algum tema. “Não importa se o filho está mudando de série, de escola, ou, até mesmo, de cidade. Quando há rede de apoio, qualquer aluno pode performar muito melhor”. O especialista elenca passos que vão te ajudar na tarefa de administrar a vida escolar e, dica: o quanto antes você implantar isso, mais fácil será com o passar dos anos. “A atividade escolar muda em intensidade e cobrança à medida em que a criança vai evoluindo então se você já preparar seu filho ou filha desde o começo, mais fácil será a transição e mais confiança ele ou ela terão para seguir tanto na vida pessoal quanto profissional”.

  • Entenda a rotina escolar do seu filho e tente quebrar possíveis problemas que ele possa enfrentar no dia a dia;
  • Busque saber com o seu filho quais temas e que tipo de conteúdo ele mais gosta. Este é um bom caminho para fazê-lo se interessar pelos estudos. Inclusive, é possível criar analogias entre as matérias e a realidade que seu filho vive;
  • Não coloque pressão apenas por notas. Quando os estudantes são pressionados a terem apenas notas, irão apenas decorar as matérias para se darem bem nas provas. Isso não ajuda com que tenham interesse em aprender. As notas veem naturalmente quando eles estão engajados com o aprendizado.
  • Celebre com o seu filho a obtenção do conhecimento e os pequenos avanços diários;
  • Se o problema do seu filho é emocional ou cognitivo, a busca por um profissional qualificado, como um terapeuta, psicólogo, psiquiatra e outros, pode ajudar para entender o que realmente dificulta o aprendizado dele;
  • Nas crianças menores, faça uso do mecanismo obrigação-recompensa e da interação com a tecnologia. “Certa vez, ouvi de um pai que ele não tinha tempo para se dedicar a educação de sua filha de 11 anos. Reclamava e reclamava que sua filha ficava o dia todo no tablet e no celular e não estudava. Nessa situação, de quem é a culpa? Do Pai! Existem inúmeras desculpas e nenhuma ação. Estimule seu filho ou filha a estudar e ter objetivos incentivando ele ou ela a conquistar um brinquedo novo ou direito a um passeio, por exemplo. Crie um sistema de recompensa que a cada livro que a criança ler, ela vai ganhar um valor financeiro ou então alguma “estrela” que pode ser trocado depois em algo que ela tanto quer. Com isso você está preparando a criança para a vida real. A vida que se conquista as coisas e não há nenhum problema nisso”.

A tecnologia tem suas vantagens e se você é um pai ou mãe que viaja muito, mantenha-se presente na vida do filho estando conectado a ele. “Certa vez sugeri a um pai que pedisse que a filha gravasse um vídeo contanto o resumo do livro e encaminhasse para o WhatsApp dele. Um simples gesto e olha o impacto disso. Você está falando a “língua” da geração do seu filho; está preparando seu filho para o mundo, em que aprender a falar em frente às câmeras e se expor tem cada vez mais importância no mercado; aproveitando a tecnologia para ficar mais perto e ver a evolução da sua filha com coisas que realmente importam! Só vejo vantagens!”, diz Pedro Miranda. Por fim, resolvi falar sobre isso porque tenho passado dificuldades com minha filha que ingressou agora no sexto ano e está formando mais responsabilidades ao estudar meio período com direito a lição de casa e trabalhos. Espero ter ajudado pais e mães que passam pelo mesmo. Vou seguir as dicas. E você?

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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