Mentiram para mim e para você: inteligência emocional não existe
Psicoterapeuta explica que não é possível controlar sentimentos e que a vida é feita de escolhas o tempo todo
Podemos dizer que já vimos esse enredo que diz que “a vida é feita de escolhas” em diversos filmes, mas na vida real essa teoria se aplica da melhor maneira porque sentimos isso na pele. Calma, eu vou explicar. Vamos começar falando sobre o primeiro escândalo da coluna de hoje, quando digo, ou melhor, escrevo que mentiram para mim e para você. Sim, mentiram porque inteligência emocional não existe. “A emoção é o que é e não há o que fazer, ou seja, a raiva, por exemplo, será raiva em qualquer situação – o que podemos avaliar é a qualidade do piloto que direciona a aeronave mental, ou seja, o ponto chave é como gerenciamos e trabalhamos nossa raiva, se é para destruir ou construir. Sendo assim, podemos entender que não existem emoções positivas ou negativas, mas sim o destino que damos a elas”, explica Marcos Pereta, psicoterapeuta especialista em Neurociência e Nutrição Clínica Ortomolecular.
Essa necessidade de gestão da emoção é compartilhada também pelo Dr. Augusto Cury, psiquiatra e criador da Teoria da Inteligência Multifocal, em diversas entrevistas. “Não existe emoção sem substância, não existe motivação, prazer e bem-estar sem dopamina, não existe resiliência ao estresse sem serotonina. Assim precisamos entender que as emoções impactam e também são impactadas diretamente pelo nosso corpo físico”, complementa Pereta.
Então, partindo do princípio de que não existe inteligência emocional, mas sim administração de comportamentos e que toda ação tem uma reação, caímos em outro questionamento essencial à nossa saúde mental atualmente: a vida é feita de escolhas? Sim! “Muitas pessoas justificam suas dificuldades como mero destino – mas, o que é o destino se não um conjunto de escolhas? Temos muitas ‘verdades’, sejam elas religiosas, políticas, econômicas ou filosóficas. Mas qual é a correta? Talvez todas! E como nos fixamos a elas? Pelas escolhas, mas nesse ponto precisamos compreender que nossas escolhas raramente são racionais (já que a área do cérebro responsável por elas é a última a receber as informações). Normalmente, nossas escolhas são tomadas antes mesmo de pensarmos conscientemente sobre elas, já que toda experiência abre uma janela da memória em nossa mente. Essas janelas podem ser iluminadas ou traumáticas e, a partir desse ponto, passamos a enxergar o mundo segundo esses registros que irão conduzir nossas escolhas”, detalha o especialista.
Daí a importância do autoconhecimento e da capacidade de administrar os pensamentos e gerenciar as emoções e comportamentos. De acordo com estudos e explanações de diversos pesquisadores mundo afora, se pensarmos que toda a nossa vida é baseada em escolhas, podemos de uma vez por todas assumir a direção e a responsabilidade pelo viver, deixando cair por terra a “cultura de terceirização”, ou seja, deixamos de culpar os outros por toda e qualquer ação. “Não existem escolhas erradas. Você avalia o erro após já ter escolhido, vivido e aprendido com a experiência anterior. Nesse contexto, toda escolha auxilia você a crescer, a melhorar as estratégias e os resultados. Afinal, não nascemos sabendo”, afirma.
Agora imagine você tendo que fazer uma escolha importante em um momento em que está tomado ou tomada pelo sentimento da raiva? Sim, cometemos esse deslize. De acordo com o profissional, tomamos algumas atitudes em pleno fervor de neurotransmissores vinculados ao estresse, à raiva, à dor, à luta e assim, cometemos nossos piores atos nos primeiros segundos de estresse ou mesmo de dor (inclusive física). “Portanto, consciente ou inconsciente, nossa vida será sempre o resultado de conjunto de escolhas. A partir do momento que você compreender que as escolhas são os pincéis da vida, você se tornará o mais belo artista da existência”, finaliza.
Para fechar com chave de ouro, o especialista elenca 5 atitudes que podem ajudar a manter sua saúde em dia, já que não existe saúde mental sem saúde física:
- Pare de esperar do governo, do Estado, do seu pai, da sua mãe e de qualquer outra pessoa ou instituição a mudança que você quer na vida.
- Nunca vamos conseguir mudar a vida do outro, no máximo piorar.
- Se você continuar tendo uma alimentação precária e industrializada, um sono péssimo, um excesso de estresse e hábitos ruins você já está comprando seu passaporte antecipado para o tal Paraíso.
- Pare de acreditar que dificuldades emocionais e mentais são apenas “coisas da cabeça” – entenda o organismo com uma engrenagem.
- Pare de ser vítima (ou de se fazer de vítima) das coisas que ocorreram com você. O importante é o que você faz com tudo o que fizeram com você – afinal, você quer ser vítima ou protagonista da sua história? Então, treine diariamente o seu Eu para uma boa gestão das emoções.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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