Veja cinco frases que você nunca deve dizer para seu filho
‘Engole o choro’ pode ser muito mais nocivo do que você imagina – e nem eu sabia disso
Como já verbalizei nesta coluna, sou mãe de uma menina de 11 anos e outro dia me peguei falando para ela: “Filha, sabia que não podemos dizer engole o choro para uma criança?”. Ela me perguntou por que e expliquei com minhas palavras, porque esse raciocínio detalhado por Telma Abrahão, especialista em Neurociência do Desenvolvimento Infantil, é enriquecedor. Aposto que você deve estar lendo isso e pensando quantas vezes ouviu essa frase durante sua infância, não é mesmo? Pois é, os tempos mudaram. Resolvi entrevistar a profissional após a reunião da escola da Lara, em que os professores se mostraram preocupados em adaptar o ensino à essa nova geração, repleta de desafios: a geração que não lê tanto nem sabe muito interpretar textos, daí a preocupação do corpo de ensino da escola em tornar o ensino convidativo e eficaz, ao mesmo tempo.
Voltando à pauta exclusiva para a qual convidei a autora dos best-sellers “Pais que Evoluem” e “Educar é um ato de Amor, mas também é Ciência” para um bate-papo, você sabia que existem muitas frases que não podemos repetir para nossos filhos, porque isso pode ser extremamente nocivo na vida adulta? “Uma das frases mais empregadas de forma errônea se refere ao choro: nada de chorar ou engole esse choro. Uma das principais características de pessoas emocionalmente saudáveis é a inteligência emocional, e como seres humanos é comum termos emoções. Sentir raiva e tristeza também é parte natural da vida. As crianças são totalmente dominadas pelas emoções, pois possuem um córtex pré-frontal imaturo e por isso não conseguem lidar sozinhas com o que sentem. Então, quando os pais mandam a criança engolir o choro, em vez de ajudá-la a se acalmar, ela passa a entender que o que ela sente não é importante e vemos claramente as consequências disso na vida adulta. Muitas pessoas que não respeitam o que sentem e que se preocupam mais com que os outros pensam, do que com suas próprias emoções e pensamentos”, explica a biomédica.
É preciso entender que crianças são como esponjas: elas absorvem e aprendem por repetição e nos ensinam o tempo todo. Mas a correria do dia a dia nos faz tomar posturas e decisões que, muitas vezes, não analisamos à fundo. Já ouviu falar em crenças limitantes? É preciso saber explicar para a criança a relação saudável que podemos ter com o dinheiro, por exemplo. “Outra frase que ouço direto se refere ao enriquecimento porque geralmente os pais pecam ao afirmar que ganhar dinheiro é algo muito, muito difícil. Esse tipo de fala traz uma conotação negativa para a prosperidade, podendo levar a criança a desenvolver crenças limitantes ou ainda de achar que trabalhar e ganhar dinheiro não é uma coisa boa e positiva. Na verdade, ser bem sucedido é algo muito positivo e é importante que as crianças saibam que podem sim colher os frutos de seus esforços”, segue Telma Abrahão.
Ainda, educar com ameaças não é nada promissor. “‘Se não fizer o que estou mandando, você vai apanhar’ é outro abismo em que pais mergulham e nem sabe ao certo como sair. Nosso sistema nervoso reconhece ameaça no ambiente e também no semblante de outras pessoas. Frases ameaçadoras como essas ativam o nome sistema límbico (sistema de defesa), colocando nosso corpo no modo ‘luta ou fuga’. Além disso, uma criança com medo aprende a temer seus pais em vez de aprender a confiar neles. A confiança e a segurança devem ser os principais motivadores do comportamento e não o medo e as ameaças, porque um dia essa criança vai crescer. Quando ela virar um adolescente ou um adulto, você vai bater na cara dela? Acredito que não. Importante entender que respeito é uma via de mão dupla, não tem como pedir respeito desrespeitando, respeito se inspira, não se pede”, ensina.
“Na ânsia de querer que o filho ou filha evolua, adultos acabam jogando ansiedade nos pequenos ao dizer mensagens rudes como: ‘Você é burro, não presta para nada’. Esse é um tipo de frase que nunca deveria ser dita, pois as crianças ainda estão em formação e acreditam no que seus pais dizem sobre elas. Especialmente quando repetidas muitas vezes, acaba se tornando um rótulo que a criança carrega e acaba levando, mesmo que de forma inconsciente, para a vida adulta. Aproveitando, existe uma quinta frase ainda mais tóxica: ‘Você nunca vai ser alguém!’. Esse tipo de fala impacta negativamente a autoestima e o senso de capacidade de um ser humano, especialmente quando criança. Tem uma frase que adoro que diz: ‘por trás de crianças que confiam em si mesmas, existem pais que acreditaram nelas primeiro’. E é exatamente sobre isso, a criança aprende a confiar em sua capacidade a partir do olhar de seus pais”, acrescenta.
Para finalizar, a especialista ainda ressalta que gritar com a criança tem o mesmo efeito que bater: “Gritos configuram abuso emocional e bater é abuso físico. Os dois ativam o sistema nervoso humano e amígdala cerebral que coloca o corpo em estado de luto ou fuga, deixando a criança com medo e assustada, isso prejudica o aprendizado e relacionamento. Quando os gritos ficam muito constantes, ela pode ficar hipervigilante. Esse cenário pode prejudicar o aprendizado na escola, tirar o foco e fazer com que a criança fique agitada e inquieta”. Resumindo, todo cuidado e amor, é pouco.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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