O Brasil ainda tem jeito: pude perceber nos olhinhos deles enquanto falava para alunos do sétimo ano
Ao palestrar em uma escola de São Caetano do Sul e testemunhar as filas da Bienal do Livro, a esperança brilhou
Em meio a tantas dancinhas, alienações por telas e individualismo, e em pleno setembro amarelo, tive duas vivências que preciso dividir com vocês nesse texto mais que especial. A primeira aconteceu durante a 27ª Bienal do Livro de São Paulo, onde testemunhei filas homéricas, famílias alvoroçadas e jovens enlouquecidos pelo conhecimento. Como é gostoso perceber que ainda existe essa sede do saber! Isso estimula, enriquece e acalenta o coração de nós, escritores, de uma forma única. Estive no estande da Editora Leader para lançar o meu livro “Todo Mundo Erra” e também acompanhar o Eduardo Sacchiero com sua obra, que eu também escrevi como coautora, “Ela Salvou Minha Vida”. Testemunhamos, juntos, imagens que ficarão pra sempre em nossas memórias.
Na verdade, temos muito a comemorar: de acordo com a Câmara Brasileira do Livro (CBL), 722 mil pessoas foram à Bienal este ano, 9,39% a mais que em 2022. A pesquisa ainda apontou que cada frequentador gastou, em média, R$ 208,14. De acordo com dados coletados de 227 expositores, o faturamento diário aumentou 83% em comparação à edição de 2022.
Foi assim, embebida com a esperança ao ver o sucesso desse evento e conviver um pouco com o exemplo de Andreia Roma, CEO da Editora Leader, que levou mais de mil mulheres autoras na feira, evidenciando o Selo Editorial Série Mulheres e a importância feminina na literatura, que fui convidada para palestrar para os alunos do sétimo ano da EMEF Senador Fláquer, escola que fica em São Caetano do Sul, cidade onde moro. “Nós sempre promovemos a integração da família com a escola e iniciamos com essa apresentação uma série de palestras que vão trazer pais de alunos para falar de suas profissões. Queremos plantar uma sementinha na mente dos alunos para que já comecem a pensar na profissão que querem escolher e sintam que não é fácil ter sucesso, que é preciso muita força, dedicação, estudo e perseverança”, disse Tiago Luiz de Araújo, diretor da escola. Aliás, ele representa aqui todo o time da escola municipal — isso mesmo, municipal de São Caetano (aí, mais uma pontinha de esperança, afinal, minha filha estuda em escola pública de qualidade e, sim, isso é possível) — que acolhe, ensina e cuida dessas crianças com tanto carinho e amor.
Confesso que mesmo tendo participado de inúmeros programas de televisão e rádio, mesmo sendo repórter experiente, senti um frio na barriga, afinal, capturar a atenção dessa geração Z não é nada fácil, mas diante das fotos e da energia do final da palestra, eu consegui. Ver nos rostinhos deles felicidade, quando eu fazia algumas brincadeiras, quando eu ofereci um prêmio para os três que mais participassem (o prêmio foi vale-livro) e a empolgação em como eles me faziam as perguntas, foi inesquecível. Tenho um desafio diário que é aprender a me comunicar com essa geração, até porque sou mãe da Lara, a aluna escolhida para levar a primeira apresentação da profissão na escola.
Aprendi que com eles, o papo tem que ser objetivo. A psicanalista Cintia Castro me ensinou que tudo que vamos falar para eles tem que ser dito nos primeiros 30 a 45 segundos da conversa (mera coincidência o vício pelos vídeos rápidos de internet, não?). Sim, eles são assim: decidem em até 45 segundos se aquilo que está sendo falado ou mostrado “serve” pra eles e, diante dessa informação valiosa, eu transformei o conteúdo nos 50 minutos de palestra e, ufa, prendi a atenção de todos. Tudo bem que usei algumas “armas” bem fortes como mostrar as fotos da minha entrevista com Pelé (todos se levantaram e gritaram) e fotos da minha entrevista no “Programa do Jô” (sim, mesmo eles sendo tão jovens, sabiam sobre o ícone da comunicação Jô Soares). Por essas e outras emoções que vivenciei este mês, posso dizer que dormi e acordei com a esperança renovada, mesmo em meio a tantas notícias ruins que assolam nosso dia de maneira constante.
Aqui registro meu carinho e admiração a todo corpo docente da EMEF Senador Fláquer que fez acontecer, à Editora Leader por fazer do seu negócio um propósito de vida e me incluir nele e, é óbvio, ao portal Jovem Pan, por trazer tanta informação relevante a um público que seleciona e sabe a procedência do que lê! Orgulho em fazer parte de tudo isso! Hoje e sempre!
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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