Constantino: Tom de arrogância contra imprensa precisa acabar

  • Por Rodrigo Constantino/Jovem Pan
  • 05/08/2019 10h22 - Atualizado em 05/08/2019 11h27
Clauber Cleber Caetano/ PR A reportagem do jornal O Globo apurou que, em 28 anos, a família Bolsonaro empregou 102 pessoas próximas

A avaliação mais direta é evidente: a nova era, como alguns bolsonaristas começaram a chamar o atual governo, é bem parecido com a velha política.

Aproveito para parabenizar os sete jornalistas pelos três meses de trabalho cruzando dados. Lamento que esse empenho investigativo não tenha sido, na minha opinião, aplicado da mesma forma em outros governos. Mas, é claro, há uma implicância de boa parte da imprensa com o presidente Bolsonaro.

Nos Estados Unidos acontece a mesma coisa com o Trump. E, na época do Obama, parecia que muitos jornalistas estavam dormindo, hibernando. Acho isso ótimo,  saudável. Afinal, esse é o papel da imprensa: confrontar os políticos. Temos que sempre ser céticos com políticos.

Segundo a reportagem, mais de 10% dos assessores não trabalhavam. Tinha dona de casa, a família do Queiroz. Eu acho ótimo que a imprensa esteja desperta, investigando, para poder expor ao público esse tipo de prática imoral. A única pessoa da família que se pronunciou foi o senador Flávio, o envolvido com assessores mais problemáticos, e disse que não há nada de ilegal nas contratações.

Mas, de novo: Tem o limite da moralidade, da decência, do trato da coisa pública. Estamos vendo um apoiador de Bolsonaro, o deputado Marcos Feliciano, se “justificando” que gastou mais de R$ 50 mil dos recursos públicos para fazer tratamento odontológico.

Aproveito o gancho para reforçar a crítica que a deputada Janaína Paschoal fez: Bolsonaro está se cercando muito de bajuladores e fãs. E é fundamental que as críticas construtivas possam entrar. Se não o sujeito se fecha em uma bolha e passa a achar normal tudo isso que é um escárnio.

A reação do presidente e tantos outros quando a imprensa faz esse trabalho de questionar mostra essa arrogância. Quando falou sobre a indicação do filho, quase ameaçou o Senado dizendo que se o veto acontecer ele o indicaria para o Itamaraty.

Esse tom de desprezo e arrogância contra a imprensa precisa acabar.

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