Crise no Cazaquistão derruba valor do bitcoin

Em meio a crise, governo cazaque mandou cortar a internet do país, o que afetou a produção e levou a uma queda de 12% na cotação da criptomoeda

  • Por Samy Dana
  • 13/01/2022 10h00
Dmitry Demidko/Unsplash Três moedas de bitcoin são sobrepostas em uma superfície cor de chumbo 18% da energia consumida no mundo na produção de bitcoins são usados no Cazaquistão, segundo a universidade de Cambridge

Aparentemente, a atual crise no Cazaquistão, uma das ex-repúblicas soviéticas da Ásia Central, que vem enfrentando grandes protestos da população e violência contra opositores, é um problema da política local. Mas, para os investidores em bitcoin, se tornou um problema capaz de mexer com as cotações da criptomoeda. O país é uma autocracia, um regime mantido em torno da figura do ditador. Por 30 anos, desde o fim da União Soviética, foi governado por Nursultan Nazarbayev, sobrevivente da era soviética que só foi renunciar em 2019. Hoje, o presidente do país, Kassim Tokaiev, vem enfrentando protestos da população por causa da alta dos preços dos combustíveis e outros problemas do país.

Agora, o que tudo isso tem a ver com o bitcoin? Para conter as manifestações na semana passada, o governo mandou cortar a internet e o sinal dos celulares no país. Ocorre que desde que a China declarou ilegal a mineração de bitcoins, o Cazaquistão se tornou o segundo maior minerador do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos. Mineração é como se chama a obtenção de bitcoins através de processamento por computadores. É um processo complicado que envolve uma espécie de competição entre os envolvidos para resolver enigmas matemáticos, e quem consegue primeiro, fica com o bitcoin.

Hoje, 18% da energia consumida no mundo na produção de bitcoins são usados no Cazaquistão, segundo a universidade de Cambridge, no Reino Unido. Quando a internet foi cortada, afetou a produção e levou a uma queda de 12% na cotação da criptomoeda. No ano, o Bitcoin cai 8,5%. E não só o bitcoin como outros ativos digitais, como o Etherium, foram atingidos. Alguns analistas ponderam que essa queda tem menos a ver com a crise no Cazaquistão e mais com a decisão do Federal Reserve, o Banco Central Americano, de elevar a taxa de juros esse ano. Essa mudança de cenário leva gestores e investidores a remanejar carteiras, com alguns deles vendendo bitcoins, que foram o ativo de maior valorização no ano passado, quase 80%. Acabam aproveitando para vender e garantir os lucros. Seja como for, é bem possível uma mudança na relação do país com o bitcoin. O uso de energia na mineração vem fazendo o Cazaquistão enfrentar seguidos cortes de eletricidade, e por conta disso, uma das principais fazendas de mineração recentemente foi fechada pelo governo.

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