Depois de adotar o bitcoin, El Salvador vive o caos

Problemas com o aplicativo da carteira digital e queda na cotação foram alguns dos problemas enfrentados pelos salvadorenhos após a adoção da criptomoeda como forma de pagamento oficial

  • Por Samy Dana
  • 13/09/2021 11h03
Mohamed Hassan / Pixabay bitcoin Depois da adoção em El Salvador, a cotação do bitcoin chegou a cair 15% em um dia

Teorias da conspiração, falta de dinheiro, protestos e, sobretudo, uma grande volatilidade têm sido o resultado do primeiro experimento do bitcoin como moeda oficial de um país. Desde a última terça-feira, a criptomoeda faz parte da cesta de moedas oficiais de El Salvador, país da América Central que divide com o dólar essa condição. No primeiro dia, cada salvadorenho ganhou US$ 30 em bitcoin na carteira criada pelo governo, batizada de Chivo, como estímulo para usar a moeda digital. Mas nos primeiros dias os usuários encontraram dificuldades técnicas, como a ausência da Chivo nas lojas de aplicativos para baixar e também problemas na transferência do dinheiro.

Para piorar, depois da adoção em El Salvador, a cotação do bitcoin chegou a cair 15% em um dia, ou seja, o poder de compra das carteiras distribuídas perdeu 15%. O governo culpa o fundo monetário internacional, o FMI, que no fim de agosto fez um alerta sobre os riscos envolvidos em ter o bitcoin como moeda corrente. Já os defensores do bitcoin na internet saíram denunciando uma suposta conspiração do sistema financeiro contra a moeda. Pelo visto, nada que vá impedir os planos do governo de incentivar o uso do bitcoin. A adoção foi aprovada e implantada em apenas três meses tentando baixar o custo de envio de dinheiro do exterior, uma das fontes de renda mais importantes da população. Cerca de 70% das famílias recebem ajuda de parentes que vivem fora do país, em cifras, um total de US$ 6 bilhões, o que equivale a 23% do PIB de El Salvador.

Empresas que fazem a transferência do dinheiro ficam com até 12% do total, algo como US$ 420 milhões. Usando bitcoins, o dinheiro entra direto na carteira da pessoa beneficiada, sem o pagamento de taxas e o incremento desses quatrocentos milhões em tese beneficia a economia. O problema é que usar um ativo de risco como moeda faz com que o valor recebido mude o tempo todo. Se está subindo, melhor, mas se cai, a quantia transferida pode chegar bem menor. É um problema não só para a população como para o comércio, que, aceitando bitcoin nos pagamentos, pode ter prejuízo em um momento de baixa. O tempo dirá se o experimento deu certo ou não mas não vai ser fácil ter uma economia baseada numa moeda tão volátil.

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