China agora tem um novo alvo: a indústria de games

Regime de Xi Jinping decidiu limitar o tempo de uso dos aparelhos por adolescentes, alegando que geram queda no rendimento dos jovens na escola e problemas de saúde

  • Por Samy Dana
  • 12/09/2021 14h33 - Atualizado em 13/09/2021 08h57
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Pixabay pessoa de gostas jogando videogame Mercado chinês de videogames é o segundo maior do mundo e movimenta em torno de US$ 20 bilhões por ano

Depois de agir contra setores como o da educação e o financeiro, o novo alvo da ditadura chinesa é um conhecido de qualquer jovem no Brasil e em outros países: os videogames. Em agosto, o regime do líder chinês Xi Jinping limitou a três horas por semana a quantidade de tempo em que os adolescentes chineses podem jogar online. As duas plataformas de jogos mais populares do país foram obrigadas a limitar a uma hora por dia, das oito às nove, o tempo em que jovens podem jogar e só nas sextas-feiras, feriados e finais de semana. Como em qualquer lugar, os adolescentes chineses são fanáticos por videogames. Inclusive, foi no país que surgiu a Tencent, criadora de jogos ultrapopulares no mundo todo como League of Legends e Crossfire.

O mercado chinês de videogames, o segundo maior do mundo, movimenta em torno de US$ 20 bilhões por ano, atrás só dos Estados Unidos, e suas empresas estavam entre as mais valorizadas. Só a Tencent vale mais de US$ 600 bilhões. As cifras não impediram que nos últimos anos, buscando conter o que chama de ópio espiritual, o governo tenha adotado restrições contra a indústria, alegando que os videogames são responsáveis pela queda de rendimento de estudantes nas escolas e por problemas de saúde, como miopia, além de dependência psicológica. Desde 2018, só era permitido que crianças e adolescentes jogassem duas horas por dia. As últimas restrições apertaram ainda mais o acesso.

Mesmo assim, havia esperança de que ficasse por aí, mas ontem o governo causou tumulto nas bolsas, com um comitê acusando as empresas de videogames de pensarem apenas nos lucros. Só as ações da Tencent caíram 9,5% na bolsa chinesa, as da Netease, outra gigante do mercado, desabaram 11%. As medidas têm sido elogiadas por pais dos adolescentes. Muitos reclamam da empolgação excessiva dos filhos com os jogos, mas também ressaltam o autoritarismo do governo. Desde o fim do ano passado, o partido comunista vem atacando o poder das empresas de tecnologia do país, fazendo com que abram mão de mercados e impondo regulações. Alguns elogiam as medidas, dizendo que a China faz o que os países do ocidente não conseguem: conter o poder das chamadas Big Techs, grandes empresas de tecnologia. Mas faz isso à custa da liberdade e esse é um exemplo que não serve para ninguém.

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