Legado de Jeff Bezos na Amazon é o comércio online como conhecemos

Sugestões de produtos baseadas em compras anteriores é uma das ideias inovadoras do futuro ex-CEO da gigante do varejo digital

  • Por Samy Dana
  • 03/02/2021 18h04 - Atualizado em 03/02/2021 18h19
Michael Reynold/EFE Bezos Amazon Jezz Bezos vai deixar de ser o CEO da Amazon, mas assumirá a presidência do Conselho e poderá se dedicar a novos projetos

Em 1994, quando Jeff Bezos deixou o mercado financeiro para criar a Amazon, as pessoas ainda perguntavam: “O que é a internet?”. Vinte e sete anos depois, se fazemos compras online, em grande parte é devido à gigante do varejo online e ao seu CEO, homem mais rico do mundo, que ontem anunciou que está deixando o cargo. A Amazon começou vendendo livros. Passou para outros produtos e criou seus próprios, como o Amazon Prime (plataforma de streaming concorrente da Netflix), o kindle (leitor de livros eletrônicos) e a assistente pessoal Alexa. Fora ter desenvolvido o conceito de marketplace, abrindo a plataforma a vendedores-parceiros, e recursos como as sugestões de produtos com base nas compras anteriores dos consumidores.

Um dos diferenciais do sucesso até aqui foi a inovação. Por um longo tempo, a empresa esteve sempre à frente dos concorrentes em melhorar a experiência de venda. Acabou promovendo a disrupção das livrarias e de outros setores do varejo que não estavam preparados para a concorrência digital. Outra marca da Amazon sob Bezos é lucrar pouco. Famosamente, não teve um trimestre de lucro nos primeiros seis anos de existência. Mesmo o resultado positivo de 2020, US$ 21 bilhões, anunciado na terça, 2, parece pequenos diante do valor de mercado da empresa, US$ 1,7 trilhão. Pouco mais de 1%. Os balanços quase sempre ficaram no vermelho devido aos altos investimentos para oferecer um serviço melhor. Um grande talento de Jeff Bezos foi o de convencer investidores de que estava tudo bem, que o retorno viria. O que salvou os resultados da empresa foi o serviço de hospedagem em nuvem, responsável por 10% dos lucros. De onde, aliás, vem seu sucessor. Andy Jassy comandará a AWS, divisão de serviços na nuvem da Amazon, até o terceiro trimestre. Depois, assume o comando da empresa.

Para o futuro ex-CEO, não será uma aposentadoria. Bezos seguirá na Amazon como presidente do Conselho. Na carta aos funcionários, disse que vai cuidar de novos produtos. Segue o caminho de muitos criadores depois que a empresa faz sucesso, dando lugar a um sucessor e se afastando dos negócios no dia a dia para lidar com projetos mais interessantes. Poucos são os CEOs como Warren Buffet, que, mesmo depois de seis décadas, ainda tem disposição para liderar os negócios. O criador da gigante e varejo online também deixa para trás o desconforto de ser quem responde pela Amazon quando a empresa vem sendo pressionada pelo Congresso americano por práticas contra a competição. Com mais tempo, poderá se dedicar mais à Blue Origin, sua outra empresa, que lança satélites e promete para breve o início de missões turísticas espaciais. Longe dos holofotes e das reuniões tediosas, certamente terá mais tempo para o que sabe fazer melhor: inovar.

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