Parte da ‘guerra do streaming’: o que significa a compra da MGM pela Amazon

Até agora, mercado tinha muitos concorrentes, mas a tendência é de cada vez mais fusões; plataformas hoje valem muito mais do que os conglomerados de cinema e TV

  • Por Samy Dana
  • 27/05/2021 19h24
Reprodução/Twitter James Bond, homem caminhando de óculos, terno cinza e gravata azul. Amazon passará a ser dona da metade dos direitos de James Bond, o agente 007, o espião mais famoso do cinema

A maioria das pessoas certamente nunca ouviu falar de “guerra do streaming”. É como foi apelidada por jornalistas e analistas a disputa por usuários entre as plataformas como Netflix, Amazon Prime, HBO Max e Disney+.  É um negócio que a maioria dos analistas vê como substituto da TV e até do cinema na preferência das pessoas, cada vez mais conectadas, e que nos últimos dias registrou alguns movimentos dramáticos. Na semana passada, HBO Max, pertencente à AT&T, e a Discovery, dona de vários canais de entretenimento e reality shows de sucesso, como Animal Planet, anunciaram que estão se fundindo, criando um gigante com valor de US$ 77 bilhões. Ontem, foi a vez da Amazon anunciar a compra da MGM. Com acervo de quatro mil filmes e 17 mil programas de TV, vai reforçar a plataforma Amazon Prime, um dos braços da maior varejista do mundo, vendida por US$ 5,5 bilhões, pouco acima de R$ 28 bilhões.

O negócio chamou atenção devido à Amazon passar a ser dona da metade dos direitos de James Bond, o agente 007, o espião mais famoso do cinema, mas também devido à  mudança que traz na “guerra do streaming”. Até agora, era um mercado com muitos concorrentes: Netflix, HBO Max, Amazon, Apple TV, Viacom CBS (dona da Paramount+), Discovery e Disney, além das plataformas de nicho, como Mubi. Mesmo a Globoplay, plataforma do grupo Globo, aqui no Brasil, aposta no streaming. Para ganhar usuários, as empresas gastam dezenas de bilhões de dólares em conteúdo novo. O que é bom para os assinantes, exceto por um detalhe: para ter acesso aos filmes e séries de cada plataforma, é preciso pagar uma assinatura diferente, o que encarece a diversão. Com as fusões de serviços, os usuários ganham: com uma mesma assinatura, têm acesso a mais conteúdo. A tendência é de mais compras. As plataformas de streaming hoje valem muito mais do que os conglomerados de cinema e TV.

Valor de mercado

Discovery + HBO Max  US$ 77 bilhões
Netflix                           US$ 230 bilhões
Disney                          US$ 306 bilhões
Amazon Prime             US$ 1,64 trilhão
Apple TV+                    US$ 2,12 trilhões

 

Enquanto a MGM custou US$ 5,5 bilhões e o Discovery valia US$ 15 bilhões antes da fusão, a Amazon, dona do Amazon Prime, que é só uma divisão do grupo, não uma empresa à parte, tem valor de mercado de US$ 1,64 trilhão. A Netflix vale US$ 230 bilhões, enquanto a Disney, que há dois anos comprou os canais e os estúdios da Fox, vale US$ 306 bilhões, somados outros negócios, como parques e navios de cruzeiro. Mesmo caso da Apple, com um valor de US$ 2,12 trilhões incluindo toda a empresa. Pode parecer um assunto fora da realidade da maioria, mas afeta a hora em que você chega em casa e decide o que quer assistir. E com uma mudança marcante: por mais de um século, os grandes grupos de mídia estiveram entre as maiores e mais influentes empresas do mundo. Hoje, são pequenas perto dos gigantes da tecnologia. E muitos deles caminham para se tornar um braço dos negócios deles.

Comentários

Conteúdo para assinantes. Assine JP Premium.