Cultura, viagens aéreas e os setores mais atingidos pela epidemia
A lista foi criada para orientar programas de crédito, apontando os setores mais afetados pela crise
Shows, cinema, teatro dependem de público. Assim como viajar de avião. Atividades que se tornaram um risco para a saúde com o coronavírus. Natural, assim, que cultura e transporte aéreo liderem a lista do Ministério da Economia sobre as atividades mais atingidas pela pandemia até o momento, publicada nesta terça-feira no Diário Oficial. Trens e metrô aparecem em seguida, assim como os ônibus urbanos, interestaduais e intermunicipais. Na sequência, serviços de alojamento, como hotéis, pousadas e outros. E de alimentação, com os bares e restaurantes, ainda com funcionamento reduzido em várias cidades. A lista foi criada para orientar programas de crédito, apontando os setores mais afetados pela crise. A ideia é que com um mapeamento do estrago causado pelo coronavírus em cada área fique mais fácil atender às demandas das empresas em dificuldade. Mas acaba servindo também para ilustrar o impacto diferente da pandemia setor por setor.
Mais Atingidas
1 – Cultura
2 – Transporte aéreo
3 – Trens e metrô
4 – Transporte (ônibus)
5 – Alojamento e alimentação
6 – Produção de veículos
Cinemas, por exemplo, seguem fechados há seis meses na maioria das cidades. Não à toa estão entre as atividades mais prejudicadas pela covid-19. Na segunda-feira, receberam autorização da prefeitura do Rio de Janeiro para a volta. Retornam também na quinta em Salvador (BA) e ao longo da semana em algumas cidades menores. Ainda são movimentos tímidos e, além de tudo, com restrições. Só metade da ocupação, com distanciamento e, no Rio, com a venda de pipoca proibida. Sem comida e bebida, base do modelo de negócios dos cinemas, a prefeitura desagradou os exibidores, que resolveram não reabrir.
Já no caso das empresas aéreas, a estimativa é de que a recuperação mais forte ainda demora. Só no fim do ano a Gol espera retomar 80% dos destinos para onde costuma costumava voar até março. Metrô, trens de passageiros e os ônibus, urbanos ou de trajeto mais longo, seguem afetados pela impossibilidade de funcionar lotados. O que afeta, claro, a receita das empresas. A lista também permite observar a desigualdade do país. As escolas estão fechadas, com autoridades debatendo quando devem reabrir. Mas a educação privada é apenas o vigésimo setor mais afetado. As escolas particulares tropeçaram um pouco no começo, mas logo se adaptaram para o ensino remoto. Para seus alunos, é mais fácil o acesso a um computador.O ensino público enquanto isso ficou praticamente paralisado.
E, finalmente, um dado que não deixa de ser curioso. Quando as medidas de isolamento começaram, o comércio não essencial foi fechado na maioria das cidades. O que foi motivo de muita discussão, com o próprio presidente Jair Bolsonaro pedindo a reabertura. Pois na lista de atividades mais afetadas comércio é apenas o 34º mais atingido. O último.
*Samy Dana é economista e comentarista da Jovem Pan.
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