Cultura, viagens aéreas e os setores mais atingidos pela epidemia

A lista foi criada para orientar programas de crédito, apontando os setores mais afetados pela crise

  • Por Samy Dana*
  • 16/09/2020 11h21 - Atualizado em 16/09/2020 11h21
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Pixabay Mala de viagem No caso das empresas aéreas, a estimativa é de que a recuperação mais forte ainda demora

Shows, cinema, teatro dependem de público. Assim como viajar de avião. Atividades que se tornaram um risco para a saúde com o coronavírus. Natural, assim, que cultura e transporte aéreo liderem a lista do Ministério da Economia sobre as atividades mais atingidas pela pandemia até o momento, publicada nesta terça-feira no Diário Oficial. Trens e metrô aparecem em seguida, assim como os ônibus urbanos, interestaduais e intermunicipais. Na sequência,  serviços de alojamento, como hotéis, pousadas e outros. E de alimentação, com os bares e restaurantes, ainda com funcionamento reduzido em várias cidades. A lista foi criada para orientar programas de crédito, apontando os setores mais afetados pela crise. A ideia é que com um mapeamento do estrago causado pelo coronavírus em cada área fique mais fácil atender às demandas das empresas em dificuldade. Mas acaba servindo também para ilustrar o impacto diferente da pandemia setor por setor.

Mais Atingidas

1 – Cultura

2 – Transporte aéreo

3 – Trens e metrô

4 – Transporte (ônibus)

5 – Alojamento e alimentação

6 – Produção de veículos

Cinemas, por exemplo, seguem fechados há seis meses na maioria das cidades. Não à toa estão entre as atividades mais prejudicadas pela covid-19. Na segunda-feira, receberam autorização da prefeitura do Rio de Janeiro para a volta. Retornam também na quinta em Salvador (BA) e ao longo da semana em algumas cidades menores. Ainda são movimentos tímidos e, além de tudo, com restrições. Só metade da ocupação, com distanciamento e, no Rio, com a venda de pipoca proibida. Sem comida e bebida, base do modelo de negócios dos cinemas, a prefeitura desagradou os exibidores, que resolveram não reabrir.

Já no caso das empresas aéreas, a estimativa é de que a recuperação mais forte ainda demora. Só no fim do ano a Gol espera retomar 80% dos destinos para onde costuma costumava voar até março. Metrô, trens de passageiros e os ônibus, urbanos ou de trajeto mais longo, seguem afetados pela impossibilidade de funcionar lotados. O que afeta, claro, a receita das empresas. A lista também permite observar a desigualdade do país. As escolas estão fechadas, com autoridades debatendo quando devem reabrir. Mas a educação privada é apenas o vigésimo setor mais afetado. As escolas particulares tropeçaram um pouco no começo, mas logo se adaptaram para o ensino remoto. Para seus alunos, é mais fácil o acesso a um computador.O ensino público enquanto isso ficou praticamente paralisado.

E, finalmente, um dado que não deixa de ser curioso. Quando as medidas de isolamento começaram, o comércio não essencial foi fechado na maioria das cidades. O que foi motivo de muita discussão, com o próprio presidente Jair Bolsonaro pedindo a reabertura. Pois na lista de atividades mais afetadas comércio é apenas o 34º mais atingido. O último.

*Samy Dana é economista e comentarista da Jovem Pan.

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