A Copa de 1970 foi a primeira em que a Fifa permitiu aos treinadores substituírem jogadores durante as partidas
A seleção brasileira, que conquistou o tri, contava com reservas brilhantes, como Dadá Maravilha e Paulo Cézar Caju
Quem trabalha com informação é sempre instigado a buscar mais e mais detalhes sobre um fato. Uma vez, uma pessoa que acompanha meu trabalho de pesquisa sobre as Copas, me perguntou quais jogadores fizeram parte do banco de reservas da seleção brasileira no mundial de 1970, no México, palco da inesquecível conquista do tricampeonato.
Explico: a partir daquele ano, a Fifa passou a permitir substituições durante as partidas. Apenas o goleiro e mais quatro atletas podiam ficar no gramado para eventualmente serem acionados. Fiz, então, uma simples busca na internet e não encontrei absolutamente nada sobre os reservas de cada partida. Conversei com alguns tricampeões, como Rivellino, que não se recordaram, mas me deram algumas pistas. Então, fui aos jornais de 1970 e revi trechos de filmes e dos VTs dos jogos que me ajudaram a montar esse “quebra-cabeça”.
Segue aqui no “Memória da Pan” a lista dos jogadores que o técnico Zagallo destacou para o banco de reservas em cada um dos seis duelos:
- Brasil 4×1 Tchecoslováquia: Ado, Zé Maria, Fontana, Paulo Cézar Caju e Roberto Miranda
- Brasil 1×0 Inglaterra: Ado, Fontana, Marco Antônio, Edu e Roberto Miranda
- Brasil 3×2 Romênia: Ado, Marco Antônio, Edu, Dario (Dadá) e Roberto Miranda
- Brasil 4×2 Peru: Ado, Joel, Zé Maria, Paulo Cézar Caju e Roberto Miranda
- Brasil 3×1 Uruguai: Ado, Joel, Marco Antônio, Paulo Cézar Caju e Roberto Miranda
- Brasil 4×1 Itália: Ado, Joel, Marco Antônio, Paulo Cézar Caju e Roberto Miranda
Paulo Cézar Caju era uma espécie de décimo segundo jogador para Zagallo. Ele foi titular no segundo e no terceiro jogo e, nas demais partidas, esteve no banco de reservas. Já na foto, vemos Dadá Maravilha (à esquerda), que não entrou em campo em nenhum momento, mas ficou no banco no jogo contra a Romênia.
Aliás, quando a seleção brasileira ainda era comandada por João Saldanha, antecessor de Zagallo, o treinador e jornalista se envolveu em uma polêmica com o então presidente da República, Emílio Garrastazu Médici. A celeuma veio depois de uma entrevista dada a um repórter gaúcho:
Repórter: “O presidente Garrastazu Médici está no Rio Grande do Sul e ele parece que havia sugerido o nome de Dario para ser convocado. O que você acha da sugestão do presidente?”
Saldanha: “O Brasil tem 80 ou 90 milhões de torcedores, de gente que gosta de futebol. É um direito que todos têm. Aliás, eu e o presidente, ou o presidente e eu, temos muitas coisas em comum. Somos gaúchos, somos gremistas, gostamos de futebol e nem eu escalo o ministério e nem o presidente escala time. Você está vendo que nós nos entendemos muito bem”.
O presidente cobrava a convocação de Dario, que, na época, defendia do Atlético-MG. Comunista convicto, João Saldanha incomodava os militares e foi demitido da seleção quando faltavam 78 dias para a estreia na Copa, contra a Tchecoslováquia. Zagallo, que não era bobo nem nada, convocou Dadá Maravilha, que, como vimos, não entrou em campo na Copa. Deixo aqui, um link da transmissão da Jovem Pan, Bandeirantes e Nacional da partida entre Brasil e Romênia, a terceira da seleção no México.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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