Araken Patusca foi o único jogador do futebol de São Paulo a participar da Copa de 1930, no Uruguai
Em entrevista histórica à Jovem Pan, o atleta do Santos detalhou a experiência de disputar o primeiro Mundial
Os mais jovens certamente nunca ouviram falar de Araken Patusca, atacante dos primórdios do futebol brasileiro. Ele teve destaque ao vestir as camisas de Santos, São Paulo e Flamengo. Nascido no litoral paulista em 1905, morreu em 1990. Araken era filho de um dos fundadores do Santos, Sizino Patusca, primeiro presidente do clube, e irmão de Ary Patusca, também futebolista. Em 1925, Araken foi emprestado ao Paulistano para participar de uma excursão à Europa. Anos depois, o próprio Araken escreveu o livro “Os Reis do Futebol”, detalhando essa viagem histórica, quando os brasileiros foram elogiados pela imprensa francesa.
Araken Patusca ficou conhecido por ter sido o único paulista a participar da Copa de 1930, no Uruguai, a primeira da história. A seleção teve um desempenho abaixo das expectativas por causa de divergências entre dirigentes de São Paulo e do Rio de Janeiro. A equipe nacional não teve a potencialidade máxima, pois os grandes jogadores paulistas não foram para o Mundial. Eram outros tempos. Tempos do futebol amador. A profissionalização só veio três anos depois.
Uma reportagem da Folha da Manhã, publicada em junho de 1930, relatava o clima tenso entre São Paulo e Rio de Janeiro: “Ruidoso incidente entre a Confederação e a APEA em torno do Campeonato Mundial de Montevidéu. Até agora a CBD não deu a menor satisfação à Associação, sobre requisições dos jogadores desta.” A Apea (Associação Paulista dos Esportes Atléticos) estava em guerra com a carioca CBD (Confederação Brasileira de Desportos), criada para administrar as modalidades esportivas no Brasil, incluindo o futebol, e era responsável por levar a seleção para a Copa. Os paulistas defendiam que a comissão técnica fosse composta por profissionais, e não por amadores.
Além de ser contra a profissionalização, a CBD não aceitou representantes da Apea na comissão técnica que iria ao Uruguai. Consequência: os clubes de São Paulo se negaram a ceder jogadores. Em um outro artigo, a Folha da Manhã dizia que a Confederação esperava que o impasse fosse resolvido: “Ainda restam esperanças de breve normalização dos incidentes entre a entidade nacional e a de São Paulo. As inscrições dos jogadores na Fifa ainda poderão ser normalizadas”. Mas as esperanças não se confirmaram, e a seleção foi para a Copa desfalcada.
O único paulista a fazer parte da equipe foi justamente Araken Patusca, atleta do Santos que participou do Mundial à revelia do clube litorâneo. A seleção, treinada por Píndaro de Carvalho, não passou da primeira fase: perdeu na estreia para a Iugoslávia, 2 a 1, e venceu a Bolívia por 4 a 0. A goleada não foi suficiente para garantir a classificação à fase seguinte. Nos arquivos da Jovem Pan, encontrei uma entrevista com Araken Patusca feita pelo brilhante Wanderley Nogueira, às vésperas da Copa de 1978, na Argentina. Na gravação, o ex-jogador conta detalhes sobre a participação brasileira em 1930, no Uruguai. Uma raridade!
Wanderley Nogueira entrevista Araken Patuska
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.
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