Araken Patusca foi o único jogador do futebol de São Paulo a participar da Copa de 1930, no Uruguai

Em entrevista histórica à Jovem Pan, o atleta do Santos detalhou a experiência de disputar o primeiro Mundial

  • Por Thiago Uberreich
  • 30/10/2024 09h00
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Reprodução/Sanros FC Araken Patuska foi o primeiro grande ídolo do Santos Araken Patuska foi o primeiro grande ídolo do Santos

Os mais jovens certamente nunca ouviram falar de Araken Patusca, atacante dos primórdios do futebol brasileiro. Ele teve destaque ao vestir as camisas de Santos, São Paulo e Flamengo. Nascido no litoral paulista em 1905, morreu em 1990. Araken era filho de um dos fundadores do Santos, Sizino Patusca, primeiro presidente do clube, e irmão de Ary Patusca, também futebolista. Em 1925, Araken foi emprestado ao Paulistano para participar de uma excursão à Europa. Anos depois, o próprio Araken escreveu o livro “Os Reis do Futebol”, detalhando essa viagem histórica, quando os brasileiros foram elogiados pela imprensa francesa. 

Araken Patusca ficou conhecido por ter sido o único paulista a participar da Copa de 1930, no Uruguai, a primeira da história. A seleção teve um desempenho abaixo das expectativas por causa de divergências entre dirigentes de São Paulo e do Rio de Janeiro. A equipe nacional não teve a potencialidade máxima, pois os grandes jogadores paulistas não foram para o Mundial. Eram outros tempos. Tempos do futebol amador. A profissionalização só veio três anos depois. 

Uma reportagem da Folha da Manhã, publicada em junho de 1930, relatava o clima tenso entre São Paulo e Rio de Janeiro: “Ruidoso incidente entre a Confederação e a APEA em torno do Campeonato Mundial de Montevidéu. Até agora a CBD não deu a menor satisfação à Associação, sobre requisições dos jogadores desta.” A Apea (Associação Paulista dos Esportes Atléticos) estava em guerra com a carioca CBD (Confederação Brasileira de Desportos), criada para administrar as modalidades esportivas no Brasil, incluindo o futebol, e era responsável por levar a seleção para a Copa. Os paulistas defendiam que a comissão técnica fosse composta por profissionais, e não por amadores. 

Além de ser contra a profissionalização, a CBD não aceitou representantes da Apea na comissão técnica que iria ao Uruguai. Consequência: os clubes de São Paulo se negaram a ceder jogadores. Em um outro artigo, a Folha da Manhã dizia que a Confederação esperava que o impasse fosse resolvido: “Ainda restam esperanças de breve normalização dos incidentes entre a entidade nacional e a de São Paulo. As inscrições dos jogadores na Fifa ainda poderão ser normalizadas”. Mas as esperanças não se confirmaram, e a seleção foi para a Copa desfalcada. 

O único paulista a fazer parte da equipe foi justamente Araken Patusca, atleta do Santos que participou do Mundial à revelia do clube litorâneo. A seleção, treinada por Píndaro de Carvalho, não passou da primeira fase: perdeu na estreia para a Iugoslávia, 2 a 1, e venceu a Bolívia por 4 a 0. A goleada não foi suficiente para garantir a classificação à fase seguinte. Nos arquivos da Jovem Pan, encontrei uma entrevista com Araken Patusca feita pelo brilhante Wanderley Nogueira, às vésperas da Copa de 1978, na Argentina. Na gravação, o ex-jogador conta detalhes sobre a participação brasileira em 1930, no Uruguai. Uma raridade!

Wanderley Nogueira entrevista Araken Patuska

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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