FifaGate: O escândalo que ainda não terminou
Embora as prisões iniciais e as principais condenações tenham ocorrido entre 2015 e 2018, o caso está longe de estar completamente resolvido
Há dez anos, em 2015, o mundo do futebol foi abalado pelo FifaGate, um escândalo que revelou um esquema de corrupção, suborno, lavagem de dinheiro e fraude envolvendo altos executivos da Fifa, confederações regionais, clubes e empresas de marketing esportivo. Embora as prisões iniciais e as principais condenações tenham ocorrido entre 2015 e 2018, o caso está longe de estar completamente resolvido. Em 2025, apelações, investigações residuais e distribuições financeiras mantêm o FifaGate vivo. Vamos explorar os desdobramentos mais recentes e o impacto no Brasil.
O que é o FifaGate?
O FifaGate não é um único processo, mas um conjunto de investigações e ações judiciais conduzidas principalmente nos Estados Unidos, Suíça e França. Nos EUA, o Departamento de Justiça (DOJ) liderou a investigação inicial, que resultou em 47 indiciamentos, 31 acordos de culpa e várias condenações por júri. Entre os condenados estão os ex-dirigentes sul-americanos Juan Ángel Napout e o brasileiro José Maria Marin, em 2017. No entanto, decisões recentes da Suprema Corte dos EUA, em 2023 e 2024, anularam algumas condenações, como as de executivos da Fox Sports, Hernán López e Carlos Martínez, levando a absolvições ou novos julgamentos.
Na Suíça, a investigação sobre a escolha da Copa do Mundo de 2022 no Catar permanece ativa. Autoridades suíças continuam analisando evidências de subornos na atribuição de sedes, conforme reportado pelo jornal francês Le Monde em maio de 2025. Na França e no Brasil, investigações paralelas avançaram, mas muitas concluíram com acordos ou simplesmente perderam força até 2023.
O Brasil no centro do escândalo
O FifaGate atingiu diretamente o futebol brasileiro, com três nomes ligados à CBF (Confederação Brasileira de Futebol) entre os indiciados: José Maria Marin, Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira. Além deles, empresas de marketing esportivo brasileiras foram citadas em ramificações do esquema. Apesar da gravidade, a CBF não aplicou punições internas significativas, limitando-se a remoções automáticas devido a prisões. No entanto, o escândalo forçou reformas, como maior transparência em contratos.
Atualmente, Del Nero e Teixeira permanecem foragidos da Justiça americana, com pedidos de extradição pendentes, mas bloqueados pelo Brasil (o STF negou a extradição de Del Nero em 2018). Enquanto estiverem foragidos, seus casos não podem ser considerados encerrados. Além disso, decisões do 2º Tribunal de Apelações dos EUA, em Nova York, podem impactar seus recursos contra multas que somam cerca de US$ 200 milhões.
Atualizações recentes
Embora o núcleo do escândalo esteja resolvido, aspectos residuais mantêm o FIFAGate em destaque:
- Apelações nos EUA: casos como os de Del Nero, Teixeira e outros continuam em tribunais americanos, com audiências programadas para revisar condenações e multas.
- Investigação suíça: a escolha da Copa de 2022 segue sob escrutínio, com possíveis revelações de subornos.
- Recuperação financeira: o DOJ continua distribuindo compensações às vítimas, como Fifa, Concacaf, Conmebol e CBF. Em fevereiro de 2025, foram anunciados US$ 92 milhões adicionais, totalizando centenas de milhões recuperados desde 2021.
- Casos emblemáticos: em setembro de 2025, Jack Warner, ex-vice-presidente da FIFA de Trinidad e Tobago, evitou extradição para os EUA após uma década de batalhas legais, encerrando seu caso sem julgamento.
O legado do FifaGate
Dez anos após o escândalo, relatórios de veículos como Yahoo Sports e Por Dentro do Futebol Mundial indicam que a corrupção “clássica” na Fifa diminuiu, mas problemas como clientelismo e falta de transparência permanecem, com críticas de ONGs de que a FIFA não reformou o suficiente.
*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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