Lucas Paquetá absolvido: FA enfrenta críticas em julgamento histórico

Brasileiro foi inocentado das acusações de manipulação de resultados em um processo que resultou na sentença mais longa da história do esporte, com 314 páginas

  • Por Wanderley Nogueira
  • 07/09/2025 19h20
  • BlueSky
Reprodução / Instagram / @Lucas Paquetá Lucas Paquetá FA acusava Paquetá de ter recebido cartões amarelos intencionalmente em quatro jogos da Premier League, supostamente para beneficiar apostas

Em um dos casos mais marcantes do futebol inglês, Lucas Paquetá, meia do West Ham United e da Seleção Brasileira, foi absolvido das acusações de manipulação de resultados em um julgamento que resultou na sentença mais longa da história do esporte, com impressionantes 314 páginas. O documento, além de livrar o jogador de qualquer punição, trouxe duras críticas à Football Association (FA), expondo falhas graves em sua investigação. A FA é o órgão máximo que rege o futebol inglês e é responsável por diversas áreas, como a seleção nacional masculina e feminina, e a organização de competições. E a poderosa FA está sendo duramente criticada pela imprensa inglesa, entre elas o respeitado Times.

A comissão independente responsável pelo julgamento destacou que a FA falhou ao não buscar uma avaliação independente dos dados de apostas, considerados suspeitos pelas empresas do setor. O órgão regulador do futebol inglês confiou exclusivamente em seu investigador interno, Tom Astley, que descreveu as apostas como “extremamente orquestradas”. Surpreendentemente, a FA contradisse seu próprio especialista, uma decisão que a comissão classificou como “muito surpreendente”. A ausência de um especialista independente foi apontada como uma “falha óbvia”, comprometendo a credibilidade do caso.

Outro ponto de crítica foi a postura da FA durante a investigação. Em uma segunda entrevista com Paquetá, os investigadores se recusaram a ouvir respostas do jogador sobre questões levantadas anteriormente, mesmo quando ele estava disposto a colaborar. A comissão expressou choque com a falta de interesse da FA nas explicações do jogador, considerando a gravidade das acusações, que poderiam ter levado a anos de suspensão.

A FA acusava Paquetá de ter recebido cartões amarelos intencionalmente em quatro jogos da Premier League, supostamente para beneficiar apostas. No entanto, a comissão concluiu que os padrões suspeitos de apostas provavelmente resultaram de “dicas quentes” ou “informações privilegiadas” circulando no Brasil. Uma das hipóteses levantadas pela defesa foi que comentários da mãe de Paquetá, Christiane Tolentino, em um salão de cabeleireiro, sobre o humor do jogador, poderiam ter desencadeado as apostas.

A FA também tentou apontar que Paquetá teria apagado mensagens e contatos do WhatsApp intencionalmente. No entanto, a comissão aceitou a explicação do jogador de que ele usava a função de “mensagens que desaparecem”, que apagava automaticamente os textos após 24 horas, e que outras mensagens foram excluídas por motivos familiares, devido a uma “briga familiar”. A comissão rejeitou as insinuações da FA, afirmando que não havia evidências para inferir má conduta.

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Paquetá, descrito como uma pessoa religiosa e sem interesse em apostas, chegou a recusar um patrocínio de uma empresa do setor. A comissão destacou sua generosidade e falta de envolvimento com jogos de azar, enfraquecendo ainda mais as acusações da FA.

O caso teve consequências significativas. A investigação, iniciada em 2023, impediu a transferência de Paquetá para o Manchester City, e agora o jogador e o West Ham avaliam ações legais contra a FA por conta dos prejuízos causados.

Além disso, a FA enfrenta um momento delicado, já que o caso Paquetá vem logo após outra derrota jurídica para o Nottingham Forest, onde foi obrigada a pagar indenizações por questões relacionadas à nomeação de um painel disciplinar. Paquetá, representado pelo advogado Nick De Marco, foi o primeiro jogador da Premier League acusado de manipulação de resultados.

Um veredicto de culpa poderia ter resultado em anos de banimento do futebol mundial. A absolvição não apenas livra o jogador de uma punição severa, mas também coloca a FA sob escrutínio, levantando questões sobre a condução de investigações futuras. Este julgamento histórico expõe a necessidade de maior rigor e independência nas investigações da FA, além de reforçar a integridade de Lucas Paquetá, que agora pode seguir sua carreira sem o peso das acusações. Fica a pergunta: como a FA vai se recuperar desse revés?

*Esse texto não reflete, necessariamente, a opinião da Jovem Pan.

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