Depoimento de Comey é indiciamento ao caráter do presidente

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan Nova Iorque
  • 09/06/2017 08h55 - Atualizado em 28/06/2017 23h51
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-FOTODELDIA- JJL04 WASHINGTON (ESTADOS UNIDOS), 08/06/2017.- El exdirector del FBI James Comey testifica ante el Comité de Inteligencia del Senado de EEUU, en el edificio de las oficinas del Senado, en Washington DC, Estados Unidos, hoy, 8 de junio de 2017. EFE/JIM LO SCALZO EFE/Jim Lo Scalzo Ex-diretor do FBI James Comey testemunha a comitê de inteligência do Senado

O aguardado depoimento de James Comey correu conforme as expectativas na quinta-feira. Bombástico, mas nada que levasse a uma explosão de Washington ou em particular do governo de Donald Trump. O ex-diretor do FBI comandou o palco no Senado um mês depois de sua demissão, Em geral, impassível, mas expressou emoção ao relembrar os ataques “difamatórios” de Trump ao FBI.

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Comey chamou o presidente de mentiroso (não estou chocado, chocado), mas não afirmou que houve um pedido direto para que sustasse a investigação sobre Mike Flynn, o ex-assessor de segurança nacional que está no coração das investigações sobre um possível conluio da campanha eleitoral de Trump com os russos.

Ele disse que se sentiu “direcionado” para sustar a investigação. O ex-chefe da polícia federal não trouxe uma smoking gun, uma prova devastadora. Nunca houve esta expectativa. E simplesmente se esquivou de discutir o legalês de obstrução de justiça, dizendo que a decisão cabe à investigação especial. Também aqui não havia expectativas de que incriminasse o presidente.

O essencial é que o depoimento de Comey acabou sendo um indiciamento do caráter do presidente. Ele rebate que o mentiroso é o acusador. A tendência é a entourage de Trump ir à carga com cada vez mais intensidade contra o caráter de Comey.

Os republicanos minimizam o impacto do depoimento e mantém a linha de defesa do presidente, mas é flagrante que apenas o toleram e se envergonham de suas grosserias, inépcias e comportamento que cheira banditismo. No final das contas, são cúmplices. Trump ainda tem sua aguerrida base, algo como 25% do eleitorado. É o mínimo para seu ego.

Já os democratas acreditam que o depoimento de Comey ajudou a vitaminar o caso contra o presidente. O fato é que a investigação continua e está na companhia do presidente, assim como o telefone com o qual ele dispara tuítes.

Mais do que isto, o caráter de Trump está em julgamento permanente. A reputação não impediu sua improvável eleição, mais difícil dizer se vai permitir um pleno mandato.

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