Detestado por colegas parlamentares, Ted Cruz é única alternativa de peso contra Trump

  • Por Jovem Pan
  • 08/03/2016 15h29
EFE/JIM LO SCALZO Ted Cruz fala em evento de sua campanha no centro comunitário do Condado Greene em Jefferson

A cada rodada das primárias presidenciais, surge a pergunta: será que é desta vez que Donald Trump será golpeado na cruel e hilária guerra civil dos republicanos? O bilionário bufão avança, mas sua vitória não é inevitável.

É verdade que nem todos resistem ao combate contra um candidato tão imprevisível, tão demagógico e tão sem escrúpulos. Jeb Bush, lembram-se dele? Filho e irmão de ex-presidentes, pois bem, Jeb saiu da disputa de forma melancólica.

Marco Rubio, o príncipe herdeiro das elites republicanas, não vai bem na guerra civil. Se não vencer em casa, na Flórida, na terça-feira que vem, deve ser o adiós ao filho de cubanos. Eu já disse no boletim do Jornal da Manhã de segunda-feira que se desenha um cenário medonho para os republicanos. A esta altura, a grande ameaça para Trump, é o senador de ultra direita Ted Cruz. Então, vamos falar um pouco dele.

Também filho de cubano, embora seu espanhol não seja grande coisa, Cruz é um debatedor brilhante, articulado e maldoso. Evangélico fervoroso, calculou que tinha no bolso o voto evangélico. Excesso de fé, pois parte do bloco se bandeou para Trump, embora o bilionário só agora tenha descoberto a Bíblia.

No entanto, com a campanha negativa desferida contra Trump por sua demagogia e inconsistência, Cruz colhe os frutos, enquanto as coisas murcham para Rubio. Cruz se apresenta como a única alternativa de peso contra Trump e implora para Rubio e o outro candidato ainda no páreo, o governador por Ohio, John Kasich, abandonarem a corrida.

As elites republicanas, desacreditadas por uma base enfurecida que gosta tanto de Trump como de Cruz, parecem se resignar que estes dois vão sobreviver. Ficar com quem? Há divisões e os dilemas são atrozes. Trump de fato não é um genuíno conservador e ninguém sabe o que fará com o poder. Existe medo dele. No caso de Cruz, existe desprezo. O senador é simplesmente detestado pelos colegas parlamentares. Não joga em equipe, é pernóstico e é paladino do purismo ideológico.

Meu instinto diz que Trump pode até ser um candidato mais perigoso para Hillary Clinton em novembro do que Cruz. A capacidade de Cruz para arregimentar votos fora da base mais conservadora é limitada. Termino como uma das piadas de momento. Um eleitor, quando perguntado com uma arma na cabeça, se preferia Trump ou Cruz, respondeu: a arma.

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