Dilma já pensa em recuar na questão do seguro-desemprego
Reinaldo, então Dilma já pensa em recuar na questão do seguro-desemprego?
Pois é… Não tem jeito. Depois não digam que jamais elogio uma decisão do governo Dilma, faça chuva ou faça sol. É mentira! Elogio, sim! Ela é que não segura as pontas dessa sua gestão sem eixo.
Está em arquivo. Disse aqui na Jovem Pan que as mudanças anunciadas pelo governo no seguro-desemprego eram corretas. Afinal, esse setor tem uma aberração matemática elementar: o valor do seguro-desemprego explodiu justamente no período em que o desemprego… caiu! É claro que se transformou numa forma de assaltar os cofres públicos. Alguém até poderá dizer que os ricos roubam muito mais. Se for verdade, também sou contra. O que sei é que o seguro-desemprego virou uma expressão da ladroagem. Mas apoiada, sim, pelas máquinas sindicais.
Segundo as novas regras definidas pela equipe econômica, a carência para a concessão do seguro-desemprego passaria de seis para 18 meses nos últimos 24 trabalhados quando o benefício fosse solicitado pela primeira vez. Na segunda solicitação, o prazo saltou de 6 para 12 meses; na terceira, manteve-se a carência de seis meses. Também se alteraram as regras para o abono salarial e o seguro-defeso – uma fonte de desperdício evidente como sabe qualquer um que frequente a praia. Há milhares de supostos pescadores no Brasil que viraram donos de canoas ressequidas que há muitos anos não beijam o mar. A economia com essas mudanças poderia chegar a R$ 18 bilhões. Não é brincadeira.
Mas Dilma já pensa em recuar. As centrais sindicais estão pressionando e planejam atos públicos contra as regras que o governo quer implementar. Em Davos, Joaquim Levy, ministro da Fazenda, afirmou que o mecanismo de seguro-desemprego no Brasil está ultrapassado. Caiu mal na banda esquerda do governo. Miguel Rossetto, nada menos do que secretário-geral da Presidência, saiu em defesa do mecanismo, que chamou de “cláusula pétrea”. Poderia, claro!, ter-se calado, mas sabem como é…
O Planalto agora diz, informa a Folha, que o intuito sempre foi negociar no Congresso, já que o próprio governo considerava difícil que os parlamentares aprovassem o texto como o queria a equipe econômica. Depois da entrevista de Levy, tida como desastrada – e já está em curso um movimento nada sutil para torrá-lo -, o próprio Planalto teria concluído que o melhor é recuar. Quanto? Ainda não está claro.
Viram só? Não se diga, então, que nunca elogio o governo. É que, tudo indica, não consigo acertar o meu passo com o de Dilma Rousseff. Ela logo recua de uma decisão que acho correta. E não me espanta que a presidente tenha desistido de fazer a coisa certa.
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