Dilma não tem autoridade para dar aula de democracia à oposição

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 15/10/2015 11h58
SÃO BERNARDO DO CAMPO, SP, 14.10.2015: DILMA-SP - A presidente Dilma Rousseff participa do I Congresso Nacional do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), em São Bernardo do Campo (SP) na Grande São Paulo, nesta quarta-feira (14). (Foto: Carla Carniel/Frame/Folhapress) Folhapress Dilma Rousseff no congresso dos agricultores em São Bernardo do Campo/SP

A presidente Dilma Rousseff resolveu perder o que lhe restava de pudor depois que a dupla Rosa Weber-Teori Zavascki decidiu cassar da oposição qualquer protagonismo para dar início à tramitação de uma denúncia contra ela, que pode resultar no impeachment. Agora, a bola está só com Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Seguindo conselho de Lula, a governanta resolveu partir para a briga.

Na terça, em congresso da CUT, chamou a oposição de golpista e de “moralista sem moral”. Nesta quarta, durante uma entrevista a uma emissora de TV, afirmou sobre o impeachment:
“Nós consideramos que é, de fato, uma medida muito casuística, não só casuística, mas golpista. É tentar chegar ao poder através de, vamos dizer assim, pedaladas políticas. Isso sim é pedalada. É chegar ao poder através de atalhos”.

Ai, ai… Então vamos ver. Que Dilma pedalou, pedalou. Que ela maquiou as contas públicas, isso é indubitável. Lula e ela própria já admitiram a prática, afirmando, no entanto, que o expediente foi empregado para manter programas sociais. O que eles não aceitam é que seja um crime, certo?

Muito bem! Ao conceder a entrevista e afirmar que o impeachment é golpe — o que é crime — e que se trata de uma “pedalada política”, o que faz a governanta? Admite, então, que as suas próprias pedaladas são criminosas.

A presidente participou também de um encontro de pequenos agricultores em São Bernardo, no qual Lula já discursou. Exaltou a sua “biografia limpa”. Disse: “Tenho certeza que tentaram encontrar alguma coisa contra mim, mas não vão encontrar”.

Segundo Dilma, estão tentando dar um golpe no Brasil como se fosse “uma manifestação oposicionista”.

Trata-se de uma retórica irresponsável, é claro, que investe no confronto. Que o governo tente negociar no Congresso para impedir que o processo de impeachment avance, isso é do jogo. Que saia por aí a anunciar um golpe que sabe não existir, eis um troço inaceitável.

Olhem aqui: atentar contra as instituições é crime. Se existe alguém fazendo isso, Dilma tem a obrigação de dar os nomes. Quem são os golpistas?

Pois eu asseguro: golpismo é tomar de assalto o estado brasileiro e usá-lo em benefício de um partido político e de um projeto de poder.

Aliás, com a devida vênia, Dilma não tem autoridade para falar como especialista em democracia. Ela só conheceu três concepções de poder: 1) a de dois grupos terroristas; 2) a do brizolismo e 3) a do petismo.

Nenhuma delas honra a democracia representativa. Uma é caudilhesca (brizolismo) e as outras duas… golpistas!

Por Reinaldo Azevedo

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