Dois vetos de Dilma são corretamente mantidos, mas placar indica pindaíba da presidente

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 19/11/2015 11h41
Ananda Borges/Câmara dos Deputados Sessão do Congresso Nacional para a análise e votação de vetos presidenciais

A manutenção de um dos vetos da presidente Dilma — que impede a doação de empresas privadas a campanhas eleitorais (ver post) — é uma tragédia para o país. Mas dois outros, que também foram mantidos, eram apenas matéria de prudência. Nesse caso, quem sai ganhando não é o governo, mas as finanças. O placar, no entanto, indica a situação miserável em que se encontra o Planalto no Congresso.

Dilma vetou o reajuste médio de 59,5% (em parcelas, até 2018) a servidores do Poder Judiciário — com impacto no período, segundo o governo, de R$ 36 bilhões. Por mim, os ganhos de todos poderiam ser multiplicados por 10. Mas pergunto: existe dinheiro para isso? A resposta é “não”. Inviabilizar as contas públicas não torna inviável o governo Dilma; quem se dana é o país. Somos nós.

O veto foi mantido, sim, mas bateu na trave: eram necessários 257 votos para derrubá-lo; obtiveram-se 251. Faltaram apenas seis deputados. Só 132 ficaram com o governo. No PMDB, mais gente virou as costas para o Planalto do que o contrário: 26 se posicionaram pela derrubada do veto; apenas 23 pela manutenção. Até no PT houve defecções: dos 53 que compareceram, nove votaram contra a orientação oficial.

O governo também conseguiu manter o veto a proposta que estendia a todos os aposentados o índice de reajuste do salário mínimo. Era outra das pautas-bomba. Segundo o governo, a concessão custaria R$ 9,2 bilhões por ano.

Sim, senhores! Também nesse caso, eu defendia que o veto fosse mantido. Mais uma vez, quem iria pagar a conta não eram nem Dilma nem o PT, mas a população. E se trata, acho, sim, de um despropósito usar o reajuste do mínimo como indexador de todas as aposentadorias.

Os que queriam derrubar o veto não conseguiram os 257 votos necessários, mas foram uma ampla maioria, obtendo 211 votos. Desta feita, o desempenho do governo foi um pouquinho melhor, mas, ainda assim, magro: 160 apenas.

O que esses números indicam? O país escapou, sim, de novos apuros, mas o diálogo do governo com o Congresso segue uma lástima. Com esses números, ele não consegue aprovar nem projeto de lei. Imaginem, então, se o governo precisar de uma maioria qualificada.

Agora projetem essa situação por mais três anos caso Dilma se sustente no poder. A vida dela não vai ser fácil. Nem a do país.

Nesta quarta, Michel Temer, vice-presidente da República, chegou a flertar com a CPMF. Afirmou que, caso seja uma cobrança temporária, condescende com a possibilidade.

Olhem os números do Congresso: Dilma vai ter de pensar numa nova forma de equilibrar as contas.

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