É legítimo matar crianças e castrar mulheres em nome da identidade e da diversidade culturais? Não há meio-termo: é sim ou não!

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 05/10/2015 13h43
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Criança indígena participa de sessão da Comissão de Direitos Humanos, na Câmara dos Deputados, em Brasília, DF, em que foi discutido projeto que trata de infanticídio indígena. (Brasília, DF, 16.07.2008. Foto de Alan Marques/Folhapress) Alan Marques/Folhapress - 16.07.2008 Crianças indígenas participam de sessão sobre infanticídio indígena em 2008 na Câmara

A questão, eu sei, parece um tanto deslocada das nossas urgências, mas informa alguns dos absurdos do pensamento politicamente correto. Expõe ainda a relação que entendo moralmente criminosa de certos padres com comunidades indígenas e a moral deformada dos esquerdistas.

Qual é o ponto? Tramita no Congresso desde 2007 o Projeto de Lei 1.057, de autoria do então deputado petista Henrique Afonso (AC), que coíbe o infanticídio de crianças indígenas, prática ainda adotada por algumas tribos. Não só isso: o texto assegura também direitos fundamentais a crianças, adolescentes, mulheres e idosos vulneráveis nessas comunidades.

O projeto foi aprovado na Câmara no dia 26 de agosto e agora segue para o Senado. Obriga qualquer pessoa com conhecimento de casos que coloquem em risco a vida de crianças indígenas a comunicar o fato à Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e à Fundação Nacional do Índio (Funai). O conselho tutelar da criança da respectiva localidade — ou, na falta dele, a autoridade judiciária e policial — também tem ser informado. A pena para a pessoa ou autoridade pública que se omitir será de seis meses a um ano de prisão, além de multa.

Sobre Henrique Afonso, uma nota que dá conta do comportamento fascistoide do PT. Em 2009, a legenda o suspendeu por três meses das atividades partidárias e o impediu de representá-la na Comissão de Seguridade Social e Família porque ele se manifestou contra a… legalização do aborto! Afonso acabou migrando, então, para o PV e, neste ano, filiou-se ao PSDB. Adiante.

O projeto foi apelidado de Lei Muwaji, numa homenagem a uma mãe da tribo dos suruwahas que se rebelou contra a tradição de sua tribo e salvou a vida da filha, que seria morta por ter nascido com deficiência.

O CIMI (Conselho Indigenista Missionário), da Igreja Católica, acreditem, joga no lixo a símbolo da Cruz e se opõe ao texto. A Funai também é contra. É o que pensa, por exemplo, o deputado Edmilson Rodrigues (PSOL-PA). Para ele, o texto é inconstitucional porque “acaba negando o que está previsto na Constituição: a garantia dos povos indígenas à sua identidade cultural”. O cara acredita que se podem matar criancinhas em solo brasileiro em nome da… identidade.

Chico Alencar (RJ), seu midiático companheiro de legenda, que também votou contra, desconversa: “O projeto aprovado não atinge o objetivo de superar a eliminação de crianças, prática cada vez mais rara em cada vez mais ínfimos grupos tribais”. Rara? Em 2012, em Caracaraí, em Roraima, 37 bebês foram assassinados.

Sabem quem também combateu o projeto? A deputada Jandira Feghali, do PCdoB-RJ, que, pasmem!, é médica!!! Afirmou: “Não estamos aqui defendendo assassinato, estamos defendendo a vida dessas crianças por meio de uma mediação cultural. Do jeito que está aqui, vamos colocar a tribo inteira na cadeia, obrigando todos a denunciar o risco de algo acontecer”. Jandira tem um juízo meio perturbado do mundo. O que o projeto propõe é justamente a mediação cultural para evitar as mortes. Por que ela votou contra?

Simone Melo, da ONG Atini, que defende a lei, vai ao ponto em entrevista à Folha: “O infanticídio faz parte de uma das práticas tradicionais de alguns indígenas. Mas, assim como a mutilação genital feminina em alguns países da África, deve ser combatido por meio do diálogo intercultural. A cultura não é estática”.

Eis aí: em nome da identidade e da diversidade culturais, vamos silenciar diante da castração feminina? Milhões de mulheres não vivem hoje numa posição subalterna, expostas a violências e humilhações, justamente em nome de tradições culturais e religiosas? Acreditamos ou não na universalidade de certos direitos?

Essa questão, como poucas, expõe a degradação cultural e moral das esquerdas. No fim do século XIX, imaginaram a revolução socialista porque, diziam, era preciso criar o “novo homem”, livre de qualquer jugo. Na segunda década do século XXI, depois de terem matado quase 200 milhões de pessoas no século XX, os comunistas estão defendendo, na prática, o direito de assassinar criancinhas e castrar mulheres em nome da identidade cultural. Por alguma razão insuspeitada, eles acham que isso ajuda a combater o capital.

Que um raio moral os parta ao meio.

Por Reinaldo Azevedo

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