Eduardo Cunha entre o céu e o inferno, a maravilha e a derrocada

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 08/10/2015 12h40
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BRASÍLIA, DF, 30.09.2015: EDUARDO-CUNHA - O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, preside sessão de votação da Casa, nesta quinta-feira, em Brasília (DF). O Plenário aprovou o projeto de lei de conversão da comissão mista para a Medida Provisória 676/15, que permite, até 2018, a aposentadoria no Regime Geral da Previdência Social pela regra alternativa conhecida como 85/95. Essa regra permite ao trabalhador aposentar-se sem a redução aplicada pelo fator previdenciário sobre o salário, criada em 2000 para desestimular a aposentadoria antes dos 60 anos (se homem) ou 55 anos (se mulher). (Foto: Renato Costa/Frame/Folhapress) Folhapress Presidente da Câmara dos Deputados

E Eduardo Cunha?

Bem, lá vai ele, entre o céu e o inferno, a maravilha e a derrocada. Nesta quarta, depois que o TCU aprovou por unanimidade o relatório de Augusto Nardes, que recomenda a rejeição das contas do governo relativas a 2014, o presidente da Câmara se encontrou com deputados da oposição. O tema? O impeachment da presidente Dilma Rousseff. É claro que o vexame vivido pelo governo no TCU esquentou o debate.

Dá-se de barato que Cunha vai pedir o arquivamento da denúncia encabeçada por Hélio Bicudo. Conforme estabelece o Parágrafo 3º do Artigo 218 do Regimento Interno da Câmara, deputados podem recorrer da decisão. E vão. E aí o plenário decidirá por maioria simples se a comissão especial será ou não instalada — desde que se consiga o quórum de 257 deputados para abrir a sessão.

Não é só isso. A essa altura, muitos parlamentares, especialmente os do PMDB, estão de olho também no andamento das coisas no TSE. Há o risco efetivo de a chapa toda ser cassada. Alguns poderão ver no impeachment uma proteção contra um mal maior.

Esse mesmo Cunha que assiste ao desmoronamento do governo está longe de viver seus melhores dias. Trinta deputados de sete partidos — PSOL, PT, PMDB, PROS, Rede, PPS e PSB — encaminharam uma representação à Corregedoria da Câmara pedindo a abertura de um processo disciplinar contra o presidente da Casa. É possível que a coisa morra antes de chegar ao Conselho de Ética. Mas é claro que a situação é incômoda.

A alegação dos que se mobilizam contra Cunha é que ele negou à CPI que tivesse contas na Suíça, embora o governo e o Ministério Público daquele país, segundo a Procuradoria-Geral da República, digam o contrário. Nesta quarta, vazaram novas informações: extratos que teriam chegado ao Brasil indicariam que ele movimentou as tais contas por meio de offshores em paraísos fiscais.

Como se nota, a fonte de vazamentos contra o presidente da Câmara segue muito ativa. Ocorre que, a esta altura, reparem, Cunha como o principal problema do governo é pura mitologia, não é? Digamos que o deputado tenha tido alguma influência nesta quarta de cão vivida pelo Planalto. Então foi só num caso. Ele pode ter atuado para não dar quórum para votar os vetos presidenciais. Todos os outros desastres, convenham, o governo os fez sozinho.

Cunha já disse que não renuncia à Presidência da Câmara. O seu destino, sejamos claros, independe do de Dilma Rousseff. Não foi ele que a levou para as cordas. Foi ela própria. Se a presidente for impichada, o futuro do deputado continuará a depender do que o Ministério Público reunir contra ele e da decisão dos ministros do Supremo.

“Ah, mas ele pode prejudicar Dilma na votação pela Câmara da admissão da denúncia contra a presidente…” É, até pode. Bem, meus caros, se um deputado acuado por denúncias, cercado pelo MP e alvejado a toda hora por vazamentos seletivos consegue ter mais poder de fogo do que o Palácio do Planalto, vamos reconhecer: a presidente então já caiu. E por méritos próprios.

Por Reinaldo Azevedo

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