Eleição na França pode dar uma virada ou será um tédio até 07 de maio?

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 29/04/2017 09h04
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EFE Macron deve receber o apoio do atual presidente Hollande no segundo turno das eleições na França

A pouco mais de uma semana do segundo turno da eleição presidencial francesa, as pesquisas dão uma vantagem de 20 pontos para Emmanuel Macron sobre Marine Le Pen. Dando os rótulos, tudo parece sob controle para o centrista no seu duelo contra a extremista de direita. Macron é, no trocadilho infame, o franco favorito e Marine Le Pen, a azarona. Pode dar uma virada ou será um tédio, sem suspense até 7 de maio?

Donald Trump inspira Marine Le Pen em vários sentidos. Existem as afinidades ideológicos em questões sobre nacionalismo étnico, protecionismo comercial, hostilidade contra instituições multilaterais e a ideia de que sejam paladinos do povo contra as elites globais. Para a candidata francesa, Trump inspira em outro sentido: em termos de tática eleitoral. Ela gostaria de repetir o lance trumpista de desencantar o eleitor em potencial do candidato rival e assim simplesmente ele deserta das urnas. Macron, a Hillary Clinton dos franceses. 
E Marine Le Pen tem duas jogadas: além de encorajar eleitores a não votar, seduzir gente de extrema esquerda, que votou em Jean Luc Mélenchon no primeiro turno, que o melhor negócio é se bandear para a outra extrema. Neste segundo caso, os relatos são de um eleitorado confuso, com muitos oscilando entre as três opções: voto em Macron, voto em Le Pen e ficar em casa.
A tarefa de Marine Le Pen é pesada. O comparecimento às urnas de um eleitor em potencial de Macron precisa baixar bastante para uma guinada histórica. Ademais, Macron precisa tropeçar bastante na campanha e ao longo da semana ele não fez muito bonito, confirmando ser um político neófito. 
Na verdade, seu triunfo no primeiro turno é em parte acidental devido ao escândalo de nepotismo envolvendo o conservador François Fillon, que massacraria Marine Le Pen no segundo turno, como Jacques Chirac em 2002 contra o pai dela, Jean Marie Le Pen, graças ao apoio da esquerda.
A tarefa pode ser ingrata para Marine Le Pen, mas ela uma política disciplinada, que sempre soube ocupar espaço, apesar ou quem sabe graças a manchas como liderar um partido com raízes no fascismo, racismo e antissemitismo.
Existem estes paralelos entre EUA e França. Marine Le Pen, como Trump, é um insulto aos melhores valores da civilização e Macron é fraco de campanha como Hillary Clinton. Os paralelos servem de alerta. Charles Lichfield, da consultoria de risco Eurasia, está mais focado em probabilidades do que as vantagens de Macron em pontos. Ele estima que Marine Le Pen tem 35% de probabilidades de vencer em 7 de maio.
No meu arremate editorializado, nada de complacência, tudo para impedir o triunfo de Marine Le Pen.
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