Eleições apontam mudanças na política externa da Argentina

  • Por Jovem Pan - Nova Iorque
  • 10/11/2015 10h32

Mauricio Macri (de terno) EFE/PRENSA CAMBIEMOS Mauricio Macri

Pesquisas pecaram bastante neste 2015 em eleições em várias partes do mundo, de Israel à Grã-Bretanha. Elas inclusive subestimaram o desempenho do oposicionista Mauricio Macri no primeiro turno das eleições presidenciais argentinas em outubro. Mas, vamos dizer que as pesquisas estejam certas sobre o segundo turno no próximo dia 22 e Macri triunfe com a vantagem de oito pontos sobre o governista Daniel Scioli, o candidato de Cristina Kirchner.

Se isso acontecer, teremos um giro no equilíbrio político no continente. Há dez anos, na Cúpula das Américas, em Mar del Plata, Nestor Kirchner, marido e antecessor de Cristina, capitaneou uma ruptura entre governos de esquerda na América Latina e os Estados Unidos.

Macri promete dar uma volta na política externa argentina, em particular na questão Venezuela, onde ele exige a libertação do líder da oposição Leopoldo López, condenado a 13 anos de prisão em uma farsa judicial, conforme denunciou o promotor do caso, que pediu asilo nos Estados Unidos.

E digamos que as pesquisas estejam erradas e Scioli vença em 22 de novembro. Mesmo assim haverá mudanças no equilíbrio de poder sul-americano, pois ele acena com melhores relações com os Estados Unidos e promete se aproximar da União Europeia. Com Macri, a virada é claro será mais radical.

A diferença entre os dois candidatos é escandalosa. Scioli tem apoio da esquerda mais atrasada da América Latina, gente como o equatoriano Rafael Correa, o boliviano Evo Morales e a nossa dupla Dilma e Lula. Macri considera o Brasil um sócio estratégico e seus assessores dizem esperar que marqueteiros a serviço do petismo como João Santana, especialista em campanha suja, não estejam ajudando Scioli.

Nos comícios e nas entrevistas, Scioli evita crítica ao quase ditador da Venezuela Nicolás Maduro. Aliás, nenhum governo latino-americano até agora formalizou críticas ao governo de Caracas pelo episódio Leopoldo López.

De sua parte, Macri promete que caso eleito irá pedir uma reunião extraordinária do Mercosul para pedir a aplicação da cláusula democrática com a Venezuela caso López não seja libertado. No segundo turno, Macri tem o apoio do peronista dissidente Sergio Massa, terceiro colocado no primeiro turno, para o qual é preciso lutar para que a Argentina não se converta em em uma Venezuela.

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