Esquema em estatal é muito maior que se imaginava

  • Por Jovem Pan
  • 10/10/2014 11h10

Reinaldo, então o esquema que havia na Petrobras era bem maior do que qualquer um imaginava?

Muito maior. Olá, internautas e amigos da Jovem Pan.

Nojo. Asco. Engulhos. É o que resumem a nossa reação diante do que se deu na Petrobras durante as gestões petistas. A Justiça divulgou os áudios dos respectivos depoimentos de Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento da estatal, e do doleiro Alberto Youssef. PT, PMDB e PP dividiam, segundo a dupla, o butim da corrupção, mas a parcela maior ficava com os petistas.

Paulo Roberto e Youssef eram os principais operadores da quadrilha que passou a atuar na empresa a partir de 2006. A maior empresa brasileira era usada como caixa de partidos políticos e como fonte de enriquecimento de larápios. É preciso ter uma boa-fé que ultrapassa a linha da estupidez para acreditar que um esquema de tal magnitude vigorasse na estatal sem que o titular do Palácio do Planalto soubesse. Até porque, segundo a dupla, João Vaccari Neto, tesoureiro do PT, era peça-chave do esquema.

Paulo Roberto e Youssef citam o nome de 13 empreiteiras como fontes pagadoras de propina. Em seu depoimento, Youssef foi explícito: “Se ela [a empresa] não pagasse a propina, tinha a ingerência política e do próprio diretor; ela não fazia a obra se ela não pagasse”. Vocês ouviram direito: para fazer uma obra para a Petrobras, só pagando propina, que era, segundo os depoentes, incorporada ao valor do contrato ― vale dizer: as empreiteiras eram apenas usadas como repassadoras de um dinheiro que os bandidos roubavam do cofre da empresa.

E como funcionava? Simples. Paulo Roberto Costa diz que cada grande contrato com a Petrobras tinha uma propina de 3%. Nas suas palavras: “Me foi colocado lá pelas empresas, né, e também pelo partido que, dessa média de 3%, o que fosse diretoria de Abastecimento, 1%, seria repassado para o PP. E os 2% restantes ficariam para o PT, dentro da diretoria que prestava esse tipo de serviço, que era a diretoria de Serviços”.

Assim, Paulo Roberto e Youssef, que operavam em parceria, cuidavam do 1% da propina que era paga ao PP ― o engenheiro que está preso foi posto lá pelo partido. E dos 2% do PT, quem cuidava? Youssef esclarece: “O contrato é um só. Por exemplo, uma obra da Camargo Corrêa de R$ 3,48 bilhões. Ela tinha que pagar R$ 34 milhões por aquela obra para o PP. Eu era responsável por essa parte. A outra parte, eu não era responsável”. Segundo Youssef, os 2% do PT eram negociados diretamente por João Vaccari Neto, o tesoureiro do partido, por intermédio de Renato Duque, então diretor de Serviços, indicado para o cargo, segundo Paulo Roberto, por José Dirceu. Nestor Cerveró, o principal articulador da compra da refinaria de Pasadena, era o homem do PMDB na empresa.

A Justiça Federal que apura as lambanças da dupla não pode investigar os políticos que têm foro especial por prerrogativa de função. Isso ficará a cargo do STJ ou do STF, a depender do cargo. Por isso seus respectivos nomes não podem ser citados nos depoimentos divulgados.

Mas Paulo Roberto não deixa dúvida: “Na minha agenda, que foi apreendida em minha residência, tem uma tabela que foi detalhada junto ao MP, e essa tabela revela valores de agentes políticos de vários partidos que foram relativos à eleição de 2010”. Reportagem da revista VEJA informou, por exemplo, que Antônio Palocci, um dos coordenadores da campanha de Dilma naquela ano, procurou Paulo Roberto e lhe pediu R$ 2 milhões da cota que cabia ao PP.

É isso aí. Todos os acusados negam qualquer envolvimento com o esquema. O Planalto não quis se manifestar. Lula também se negou a falar com a imprensa. Preferiu vociferar contra a investigação numa plenária do PT, assunto para outro comentário.

Assim age aquela gente que se orgulha em palanques de ter mudado o Brasil. Lembro: a Petrobras é apenas uma das estatais. E está mais submetida a controles porque é uma empresa aberta, com ações na Bolsa. Imaginem o que se passa em empresas às quais não se presta muita atenção. É a lama. É a lama. É a lama.

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