Geraldo Alckmin não pede R$ 3,5 bilhões à Dilma

  • Por Jovem Pan
  • 11/11/2014 11h35
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Reinaldo, o governador Alckmin foi pedir R$ 3,5 bilhões ao governo federal no encontro com Dilma?

Não. Ainda que São Paulo mereça bem mais, não foi isso. Vamos botar os necessários pingos nos is? Vamos. O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, esteve com a presidente Dilma Rousseff nesta segunda-feira. Em pauta: a crise hídrica de São Paulo. O governador, reeleito no primeiro turno, apresentou à presidente, reeleita no segundo, um plano que contempla oito obras de infraestrutura no setor. E não, ele não pediu R$ 3,5 bilhões ao governo federal. O título publicado na homepage do Estadão Online está simplesmente errado. Ao saber: “Alckmin pede R$ 3,5 bi a Dilma para crise hídrica”.

O que o governador fez foi levar uma síntese das obras, estas, sim, orçadas em R$ 3,5 bilhões. Com uma questão: com quanto e de que modo o governo federal pode colaborar? Será financiamento? Será dinheiro do Orçamento, aplicado nas obras? Isso não está definido. Agora se formará um grupo de trabalho com técnicos dos governos federal e estadual para o detalhamento das obras e dos custos, o que levará à definição da parceria.

Que se note: o governo federal não presta favor nenhum a São Paulo, que concentra um terço do PIB brasileiro. A rigor, a coisa mais decente que a União tem a fazer é gastar o dinheiro a fundo perdido mesmo ― mera força de expressão, não é? Já que o resto do país ganha se a economia do Estado não entrar em crise por falta de água.

As obras em curso ou a serem realizadas pelo governo do Estado são as seguintes:

1) uma adutora para reforçar a captação do Rio Campinas, com prazo de nove meses; 2) construção de Estação de Produção de Água de Reuso (Epar) para reforço do Sistema Guarapiranga, com previsão de um ano;

3) interligação do Rio Jaguari ao Atibainha, com prazo de 14 meses;

4) construção de Epar para reforço do sistema Baixo Cotia, com prazo de 18 meses; 5) sistema de adutor regional para PCJ (uma referência aos rios Piracicaba, Capibaribe e Jundiaí), com prazo de 18 meses;

6) interligação do Rio Pequeno com o reservatório Rio Grande, com prazo de dois anos;

7) 24 poços na região do aquífero Guarani, com prazo de dois anos;

8) e a construção de dois reservatórios em Campinas, com prazo de 30 meses.

E se o governo federal não quiser colaborar? Bem, deve querer, não é? Se não quiser, São Paulo buscará o dinheiro onde houver. Também é preciso corrigir a informação de que a Caixa Econômica Federal vai financiar o governo do Estado com R$ 1,8 bilhão no chamado Sistema Produtor de São Lourenço. Não. O edital para São Lourenço é de 8 de novembro de 2012, anterior à crise hídrica. O contrato com o consórcio vencedor ― Andrade Gutierrez e Camargo Correa ― foi assinado no dia 21 de agosto de 2013. Trata-se de uma PPP, uma parceria público-privada, sem um tostão de dinheiro federal. Se as duas empreiteiras conseguiram, em razão do contrato, dinheiro da CEF, o governo do Estado não tem nada com isso. O que se tem é a Caixa fornecendo empréstimos a empresas privadas.

Ah, sim: no quebra-queixo, aquele monte de microfones e gravadores enfiados na cara das autoridades, jornalistas tentaram arrancar de Alckmin a confissão do que não existe: a de que a Sabesp pratica racionamento. Sim, há cidades em que ele está em curso. É o caso de Guarulhos, que tem sistema próprio, independente da Sabesp, e é administrada pelo PT desde 2001. Por alguma razão, as torneiras de Guarulhos não parecem interessar aos jornalistas.

A síntese é a seguinte: Alckmin não foi pedir favor nenhum a Dilma. O governador de São Paulo foi perguntar à presidente da República se a União está disposta a colaborar com obras que vão facilitar o abastecimento de água no Estado de onde se tira boa parte da grana que sustenta a farra federal. Não foi pedir R$ 3,5 bilhões. Informou que vai realizar obras de R$ 3,5 bilhões. E o governo federal dirá com que parte de sua obrigação está disposto a arcar. Entenderam?

 

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