Indiciamento de Pimenta Veiga neste momento é algo surreal

  • Por Jovem Pan
  • 11/04/2014 11h48

Reinaldo, a Polícia Federal decidiu indiciar Pimenta da Veiga, pré-candidato do PSDB ao governo de Minas. Há algo estranho nisso?

Há sim, e não é pouca coisa não. Mas, antes que entre no mérito, permitam-me fazer uma observação. Depois do escândalo do mensalão do PT é como se a inocência tivesse acabado no país. Há gente que pensa assim: “até os petistas eram culpados, vai ver os outros também são”. Trata-se de um raciocínio estranho, como se as pessoas desse partido fossem mais moralistas e decentes do que as outras. E isso definitivamente não é verdade.

Agora vamos ao caso de Pimenta da Veiga, que tem laivos de surrealismo, de absurdo. Atenção, em 2003, há onze anos portanto, o tucano atuava apenas como advogado e recebeu, em quatro parcelas, 300 mil das agências de Marcos Valério. O dinheiro foi depositado em sua conta e declarado em Imposto de Renda. Até aí vá lá.

Ocorre, meus caros, que o mal chamado mensalão mineiro, é mal chamado porque nesse caso sim tratou-se de caixa dois de campanha e não de compra do Parlamento, é de 1998, ano em que Eduardo Azeredo perdeu a re-eleição em Minas. Em 2003, como já está comprovado, Marcos Valério já cuidava do esquema clandestino do PT, não do PSDB. Não tinha mais nenhuma relação com os tucanos.

Então vamos ver. O chamado mensalão é de 1998, Pimenta recebeu honorários como advogado em 2003. O caso se tornou conhecido em 2005, e Pimenta é indiciado pela Polícia Federal nove anos depois que a questão veio a público? Onze anos depois do recebimento e 16 anos depois do chamado mensalão mineiro? E tudo isso ocorre justamente no ano em que se torna pré-candidato do PSDB ao governo de Minas? No ano em que o candidato à presidência do partido será o senador Aécio Neves?

A acusação de resto é risível, lavagem de dinheiro. Ora, para tanto Pimenta teria de ter recorrido a subterfúgios para esconder recursos sabidamente legais, dando-lhe uma aparência de legalidade. Alguém faz isso declarando ganho à Receita Federal? Aí o sujeito que gosta de confundir alhos com bugalhos chia: “Ah, quando é tucano você não acredita!”.

Não é isso não, é que um advogado, desde que atue segundo as regras, não é obrigado a investigar a origem dos ganhos de quem paga os seus honorários. Se fosse assim, bandidos teriam de apelar sempre à defensores públicos. Venham cá, alguém investigou a origem dos honorários dos advogados de José Dirceu, de Delúbio Soares, de José Genoíno, dos banqueiros do Rural? São todos grandes medalhões da advocacia brasileira.

Não, ninguém investigou e nem era o caso. De fato, Pimenta já prestou esclarecimento sobre esse dinheiro à CPI, à Polícia Federal e ao Ministério Público. Demorou nove anos, nove anos, para a PF concluir que havia algo de errado com o pagamento?

Quer dizer que em pleno 2003, no auge do funcionamento do mensalão petista, Marcos Valério estaria pagando supostas dívidas do chamado mensalão mineiro, ocorrido em 1998? Tenham paciência.

Não é de mais lembrar. Na Venezuela de Hugo Chávez, tão admirada pelos companheiros petistas, recorresse à investigações de natureza criminal para perseguir adversários políticos. Mais, em visita recente de Dilma Rousseff a Minas, sabe quem preparou uma festança de arromba pra ela? Valfrido do Mares Guia, do PTB, que era o caixa de campanha do candidato do PSDB em 1998 em Minas e um dos investigados do chamado mensalão mineiro. Como fez 70 anos, a Justiça decretou extinção da punibilidade.

Ora vejam, Lula fez dele ministro do Turismo em 2003, e depois das Relações Institucionais em 2007. Vai ver não acreditavam na sua culpa, não é mesmo? Essa história de Pimenta da Veiga tem jeito de perseguição política, tem cheiro de perseguição política, tem lógica de perseguição política e é bem provável que seja perseguição política.

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