Lula deixa claro: é ministro para controlar MP e PF e conta para isso com novo ministro da Justiça

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 17/03/2016 17h35
Brasília - Presidenta Dilma Rousseff durante cerimônia de posse dos novos ministros da Casa Civil, Luiz Inácio Lula da Silva; da Justiça, Eugênio Aragão; da Secretaria de Aviação Civil, Mauro Lopes e do Chefe de Gabinete Pessoal da Presidenta da República, Jaques Wagner José Cruz/Agência Brasil Posse Lula

É claro que acabou!

Se Dilma Rousseff tivesse um pouco de juízo, em vez de, nesta quinta, dar posse a Lula como ministro da Casa Civil, renunciaria ao mandato. As conversas que vieram a público indicam um claro conluio da presidente legal com o presidente “de facto” para obstruir a Justiça, interferir na instância máxima do Poder Judiciário e bagunçar o coreto do Ministério Público. Tudo para criar embaraços à Operação Lava Jato.

Aliás, jornais estrangeiros passaram a empregar mesmo a expressão latina “de facto” para qualificar a presidência de Lula, tratamento que, mundo afora, se dispensa a ditadores que, no entanto, mantêm um fantoche no poder formal. E Dilma, a partir desta quinta e pelo pouco tempo que durar o seu mandato, será um fantoche de Lula.

É incrível que não lhe sobre uma reserva de dignidade para não se submeter a esse papel.

Não resta mais dúvida sobre a tarefa principal de Lula no governo. E, está claro, para tanto, ele conta com o concurso do novo ministro da Justiça, Eugênio Aragão.

Em conversa com Eduardo Paes (PMDB), prefeito do Rio, o ex-presidente deixa claro qual será a sua tarefa. Relembro.

Lula: Olha, deixa eu lhe falar uma coisa. Esses meninos da Polícia Federal e esses meninos do Ministério Público, eles se sentem enviados de Deus.

Eduardo Paes: É, mas eles são todos crentes. Os caras do Ministério Público são crentes,né?

Lula: É uma coisa absurda. Uma hora, nós vamos conversar um pouco porque eu acho que eu sou a chance que esse país tem de brigar com eles pra tentar colocá-los no seu devido lugar. Ou seja: nós criamos instituições sérias, mas têm que ter limites, têm que ter regras.

A conversa não deixa espaço para dúvida. É de uma clareza cristalina. À diferença do que disse Dilma na entrevista coletiva que concedeu depois de nomear Lula, a tarefa do presidente “de facto” é tentar melar a Lava Jato. Dadas outras conversas mantidas pelo Apedeuta e pela presidente-fantoche, trata-se de um esforço organizado para obstrução da Justiça e da investigação. E ele espera contar com uma ajuda.

Com a devida vênia, queridos leitores, afirmei aqui, logo de cara, que a escolha de Eugênio Aragão, vice-procurador-geral da República e homem de Rodrigo Janot, para o Ministério da Justiça tinha o objetivo de controlar a PF e aproximar o governo da cozinha da Lava Jato. Não deu outra.

Em conversa com Paulo Vannuchi, diretor do Instituto Lula, o ex-presidente trata abertamente do nome daquele que ainda seria nomeado ministro nestes termos: “Eu, às vezes, fico pensando até que o Aragão deveria cumprir um papel de homem naquela porra, porque o Aragão parece nosso amigo, parece, parece, mas tá sempre dizendo ‘olha…’” Quando o homem é nomeado para a Justiça, aí o ex-presidente conversa com Gilberto Carvalho, que diz ao interlocutor que Aragão “tem pulso” e duro “pra caralho”. Pulso e duro com quem? Ora, eles estão falando é em pôr a Polícia Federal sob vara.

Lula deu um golpe em Dilma para tentar dar um golpe na Lava Jato.

Os dois têm de cair, unidos!

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