Muita gente no Brasil é “sem-direitos”; entenda

  • Por Jovem Pan
  • 04/07/2014 10h38

Reinaldo, nesta quinta, sem-terra e sem-teto pararam de novo avenidas de São Paulo. E você, Reinaldo, também é um “sem-alguma-coisa”?

Sou um “sem-direitos”, como muita gente. Repetirei aqui o comentário que fiz ontem no programa Os Pingos nos Is.

Você acorda, internauta-amigo, e se pergunta, antes mesmo de lavar o rosto para se livrar dos humores do sono: “Hoje haverá manifestação dos sem-o-quê? Será dos sem-terra? Será dos sem-teto? Será dos sem-eira-nem-beira?” A expressão “sem eira nem beira”, diga-se, originalmente, queria dizer “sem terra (eira) nem beira (casa ― numa referência ao beiral do imóvel). Com o tempo, como é sabido, passou a designar as pessoas que saem por aí, a fazer o que lhes dá na telha, livremente, sem prestar satisfações a ninguém, muito especialmente à lei. Ah, você, você é um pagador de impostos, um trabalhador, alguém que ganha a vida segundo a predição bíblica: com o suor do seu rosto.

Nesta quinta, paulistanos e brasileiros de todos os lugares, a Avenida Paulista e imediações foram tomadas, mais uma vez, pela manifestação dos “sem-alguma-coisa”. No caso, eram os sem-terra de José Rainha ― não os de João Pedro Stedile ― e os sem-teto de Guilherme Boulos. Todos eles são, claro, “militantes profissionais”. Alguém lhes paga as contas ― ou, é evidente, estariam fazendo como toda gente, como você faz: trabalhando. Não, o trabalho deles é lutar por aquilo que consideram “a causa” e transformar a sua vida num inferno. Eles estão livres da maldição bíblica.

Os “sem-terra” de Rainha se autodenominam “Frente Nacional de Lutas”. Seu símbolo é uma estrela vermelha, igualzinha à do PT, num círculo branco, com a sigla FNL inscrita no centro do ícone. Coincidência? Não. Há mais do que identidade aí. Rainha é um conhecido militante petista, e seu movimento é apenas uma das franjas do partido. Na passeata, que parou avenidas e gerou transtornos no trânsito, os ditos sem-terra carregavam uma faixa em que se lia: “Liberdade aos presos políticos do PT: Zé Dirceu, Genoino, João Paulo e Delúbio”. Três deles, como se sabe, foram condenados por corrupção ativa; o outro, por corrupção passiva e peculato.

Vale dizer: o seu direito de ir e vir, internauta pagador de impostos, é obstado por pessoas que, sob o pretexto de sair às ruas para cobrar reforma agrária, conduzem faixas fazendo a defesa de criminosos ― criminosos que avançaram, diga-se, sobre o dinheiro público.

Sim, também estava lá o tal Movimento dos Sem Teto, que, há dias, agredindo a Constituição, cercou uma casa legislativa, a Câmara dos Vereadores, e arrancou de vereadores acovardados, no berro, a legalização de invasões. Guilherme Boulos, o líder, é agora um agenciador de mão de obra para protestos. Quem quer que tenha uma causa pode pedir a ajuda deste grande líder, e ele põe a sua tropa na rua. Assim, o MTST assume as características de uma milícia ou de uma agência de mercenários ― ainda que a compensação seja, sei lá, apenas ideológica.

E você, internauta-amigo? É o quê?

Você é um sem-direitos.

Você e um sem-Constituição.

Você é um sem-Código-Penal.

Você é um sem-poder-público.

Você é um sem-ONG.

Você é um sem-movimento-social.

A você, em suma, cabe trabalhar para gerar a riqueza que outros que também não trabalham proclamarão, no horário eleitoral gratuito, ter distribuído.

Até quando?

 

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