Não tinha muitas esperanças na vitória de Campos, mas (…) sua participação seria muito importante

  • Por Jovem Pan
  • 14/08/2014 21h22

Nêumanne, quais as consequências para a política brasileira da maior tragédia aérea da atividade do Brasil em todos os tempos com a morte de Eduardo Campos e uma equipe de assessores em Santos?

Eduardo Campos era descendente da maior oligarquia política do Brasil – os Alencar do Ceará. Ele era parente de José de Alencar, neto de Miguel Arraes de Alencar, um ícone da esquerda. Eduardo Campos foi o mais aprovado, o mais aplaudido governador de Pernambuco, superando, inclusive, a belíssima imagem do seu avô, de quem foi assessor.

Eduardo Campos era um candidato forte à presidência da República, comandando o Partido Socialista Brasileiro, que herdou do avô, e a sua morte nos colhe de surpresa, causando-nos perplexidade e temor em relação ao futuro.

Confesso que, como comentarista político, eu não tinha muitas esperanças numa vitória do Eduardo Campos nesta campanha, mas tenho certeza que sua participação seria muito importante para que houvesse um segundo turno e eleição não fosse decidida na base do triplo do tempo da tv da candidata da coligação do governo contra o candidato da oposição. Um triplo somando os dois, o duplo – somando o Aécio Neves com o Eduardo Campos.

Mas eu vejo o Eduardo Campos mais para frente, como disse na Pan meu primo Gaudêncio Torquato, Eduardo Campos lhe confidenciou certa vez que ele fazia muita questão de uma aliança com seu amigo pessoal Aécio e outros políticos d e uma geração que faz política no Brasil antes do golpe militar… Desculpe, depois do golpe militar de 64, depois da redemocratização.

Eu não tenho muita esperança nesse tipo de renovação, mas a verdade é que, fosse qual fosse o teor de renovação deste novo grupo, o Eduardo Campos seria, depois da eleição, ainda que derrotado, o líder natural de uma tendência que só poderia fortalecer a democracia brasileira e a democracia brasileira hoje dependia muito dele. Somos todos como Miguel, o filho dele, seus órfãos, porque ele era uma pedra fundamental no caminho de quem quer tornar o Estado Democrático de Direito no Brasil unívoco, o Estado de um partido só.

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