O estresse que há por trás da checagem obsessiva das redes sociais

  • Por Caio Blinder/Jovem Pan
  • 04/03/2017 09h34
Usuário lendo noticias no celular. USP imagens Homem olhando celular

Quando eu vi o recente estudo da Associação de Psicologia Americana, fingi que não era comigo. Lá estão os exemplos. O primeiro: você está dirigindo e checa o Twitter no telefone enquanto o semáforo está vermelho. O segundo: olha os e-mails enquanto escova os dentes. Se faz as duas coisas, você está encaixado na categoria de checador constante e existe uma boa chance de que esteja colocando em xeque sua saúde mental.

Menos mal, estou apenas na categoria do checador constante do e-mail enquanto escovo os dentes. Na outra categoria, aprendi, ou melhor dizendo, abandonei a prática depois que levei uma multa. No entanto, não estou sozinho. Estou com uma massa de desequilibrados digitais.
 
Este estudo da Associação de Psicologia Americana teve duas partes. A primeira foi divulgada em janeiro, revelando que para 57% das pessoas, o atual clima político nos Estados Unidos é fonte de estresse. Ok, aí no Brasil não tem um tal de Donald Trump, mas dá para imaginar o clima de estresse gerado pela situação política. E esta segunda parte do estudo, que acabou de ser divulgada, revela que 43% dos americanos checam e-mail e as redes sociais de forma constante, para não dizer obsessiva. O resultado é mais estresse.
 
Não vou culpar os meus patrões, dizendo que minha checagem obsessiva é obrigação profissional. É claro que está na minha genética de jornalista. Decidi que seria minha profissão ainda garoto, quando lia jornal sem parar, ou seja, na idade da pedra das comunicações.
 
No entanto, não há como justificar, por exemplo, tanta atenção ao Twitter, especialmente o retorno de seguidores. Meu amigo Guga Chacra, jornalista igualmente obsessivo, adotou alguns métodos de terapia. Ele tem fases radicais de ficar temporadas sem ler o que seus seguidores escrevem, sejam elogios, sejam insultos.
 
Vou pensar nesta terapia enquanto escovo os dentes. Afinal, sou polivalente: capaz de escovar os dentes, pensar e checar as redes sociais ao mesmo tempo. Minha higiene bucal é melhor do que a mental.

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