O primeiro dia do julgamento: petistas estrelam uma farsa e atuam para um filme

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 26/08/2016 08h07

Senadores Lindbergh Farias Fabio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil Senadores Lindbergh Farias

Um espetáculo deprimente. A isso se assistiu nesta quinta-feira, no primeiro dia do julgamento da presidente afastada, Dilma Rousseff. Os petistas e assemelhados sabem que nada mais têm a perder a não ser a vergonha. E a perdem com impressionante ligeireza. Estão, como veremos, estrelando uma farsa. Estão posando para as câmeras.

A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) desponta como exemplo de truculência sem limites, a não reconhecer nem mesmo a instituição que a abriga. Disse ao menos duas vezes que o Senado não tem moral para julgar Dilma — um julgamento comandado pelo presidente do Supremo, Ricardo Lewandowski. A primeira gerou um bate-boca em que Lindbergh Farias (PT-RJ) chamou Ronaldo Caiado (DEM-GO) de “canalha”, ouvindo deste que é um viciado em drogas que tem de “fazer teste antidoping”.

Na segunda vez, Gleisi foi advertida por Lewandowski: “Não volte a mencionar essa expressão”. A mulher do ex-presidiário preventivo Paulo Bernardo não se deu por achada: “Essa Casa conspirou contra a presidente Dilma, tivemos as pautas-bombas”.

O petista Paulo Rocha (PT-PA) vociferou, num determinado momento, que havia membros do Judiciário com posição política. E citou nominalmente Gilmar Mendes, que foi defendido pelos senadores Ana Amélia (PP-RS) e Cássio Cunha Lima (PSDB-PB). Não por acaso, o senador ataca um dos apenas três de onze ministros que não foram nomeados por Lula ou por Dilma.

Os petistas, escoltados sempre pela barulhenta Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM), sabem que a causa está perdida. Agora buscam provocar o maior dano possível ao governo em curso, que se tornará definitivo em breve, e ao Brasil. O que se quer a todo custo é dar verossimilhança à narrativa do golpe. Um documentário defendendo essa tese está sendo rodado. Quando os petistas estrilam, estão, na verdade, representando. Ainda que sejam patetas se fingindo daquilo que deveras são.

Testemunha, informante
A testemunha de acusação mais articulada, preparada e técnica, o procurador Júlio Marcelo de Oliveira, falou como informante, não mais como testemunha. A sua suspeição foi pedida pela defesa de Dilma porque ele chegou a se manifestar no Facebook em favor dos protestos pró-impeachment.

Que importância isso tem? Nenhuma! Aliás, o informante é até mais livre do que a testemunha, que é instada, afinal, a falar apenas sobre coisas que presenciou, com o compromisso de dizer a verdade. As obrigações de um informante são bem menores.

Ocorre, meus caros, que o juiz, nesse caso, são juízes — 80 ou 81 se Renan Calheiros votar. Se o mais uma vez muito preciso e técnico depoimento de Oliveira foi o de uma testemunha ou de um informante, eis uma coisa de uma irrelevância danada. Não será isso a definir o voto do senador, mas a qualidade do que foi dito.

A defesa de Dilma tem lá as suas graças. Uma de suas testemunhas é o economista Luiz Gonzaga Belluzzo, sócio e membro do conselho editorial da revista “Carta Capital”, abertamente contrária ao impeachment — mesma posição de Belluzzo — e aquinhoada, nos tempos do petismo, com generosa verba publicitária oficial. Será que ele pode ser testemunha?

Ester Dweck, outro nome apresentado pela Afastada, foi nomeada para um cargo no Senado pela insaciável Gleisi Hoffmann. Talvez a acusação não devesse arguir a sua suspeição. Assim eles são obrigados a dizer a verdade. Pode ser mais divertido.

Documentário
E podem se preparar! Os petistas e afins estão armando um verdadeiro circo porque, a esta altura, já se comportam como atores. São farsantes! Como informou VEJA.com, existe um projeto chamado “Impeachment”, que consiste num documentário dirigido por Petra Costa.

Trata-se de tentar emprestar verossimilhança à tese mentirosa do golpe. Quando Lindbergh, Vanessa e Gleisi fazem suas estripulias, sabem que estão sendo filmados. Querem depois parar no cinema.

Desde 13 de março, segundo a reportagem, quando houve a maior manifestação da história — e foi a favor do impeachment —, Petra diz ter mais de 500 horas de gravação.

Reproduzo um trecho da reportagem, que explica o filme crítico ao impeachment:
“Lula emerge como um dos principais personagens da história, que deverá ser exibida no Brasil e no exterior em 2017. Nos últimos meses, o ex-presidente tem montado uma agenda pensada com o objetivo de produzir imagens que se encaixam no enredo.

VEJA acompanhou os bastidores das gravações realizadas em julho no Recife e no interior de Pernambuco. Ali, tudo parecia uma encenação. Enquanto criticava o presidente interino Michel Temer e o juiz Sergio Moro, Lula olhava para as câmeras, gesticulava, abraçava crianças, acariciava trabalhadores.

Durante uma visita a um assentamento do Movimento dos Trabalhadores Rurais sem Terra (MST), um drone filmava o ex-presidente caminhando no meio de uma plantação. Num dado momento em que o aparelho se aproxima, ele ergue para o céu um punhado de mandiocas que haviam sido colhidas e faz uma breve saudação, sorrindo para a câmera.”

Encerro
Toda a gritaria de petistas e afins, a que você assistirão até a hora final, é parte de uma encenação grotesca.

Os farsantes, ora vejam!, dedicam-se a uma farsa. Faz sentido.

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