O que resta a Gabrielli é um espaço em uma cela na PF em Curitiba

***EMBARGADA PARA JORNAIS DE SALVADOR***SALVADOR, BA, 13.03.2015: PROTESTOS-CUT - O ex-presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli - Integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e outras centrais sindicais protestam em frente ao prédio da Petrobras, no bairro do Itaigara, em Salvador (BA), na manhã desta sexta-feira (13). A mobilização faz parte do ato nacional de defesa dos direitos da classe trabalhadora, da reforma agrária, da reforma política e da Petrobras. (Foto: Raul Spinassé/Ag. A Tarde/Folhapress) Ex-presidente da Petrobras

Pergunta: Quem é mais ridículo e mal para o Brasil: José Sérgio Gabrielli, que diz que era impossível saber que a Petrobras estava sendo roubada como foi, ou os membros da oposição que participam da CPI da Petrobras, que não foram capaz de contestá-lo, inclusive usando o que o professor Carvalhosa disse aqui na Pan, de que a Petrobras tem um manual de compliance de 350 páginas que precisa ser obedecido para que não seja roubada?

Resposta: O depoimento de José Sérgio Gabrielli, ex-presidente da Petrobras, na CPI do Petrolão, da Operação Lava Jato, é um absurdo em todos os sentidos. Este cidadão tem o cinismo de dizer que é impossível saber que a Petrobras foi roubada; mas a Petrobras não foi roubada em um litro de óleo. A Petrobras foi roubada em bilhões de dólares; ele era o presidente e não sabia.

O professor Modesto Carvalhosa, que na minha opinião é o maior especialista em combate à corrupção no Direito do Brasil, disse à Jovem Pan, em entrevista ao Anchieta Filho, que a Petrobras tem um manual de compliance – e vou usar a palavra em inglês porque é difícil encontrar uma em português que reproduza seu significado. Mas é governância, digamos assim.

Este manual de 350 páginas podia ter sido lido pelo Gabrielli – não seria pelo Lula, que não lê nem bilhete – mas o Gabrielli podia lê-lo, e, então, saber que estava sendo roubada a Petrobras, até porque, segundo ele mesmo, a Petrobras dificilmente é roubada porque é muito patrulhada, muito acompanhada, muito seguida.

Mas o que mais me impressiona não é nem o fato de ele ter dado um depoimento – que também eu vou ter de usar outra palavra em inglês, sem querer ser esnobe, que é a palavra “disgusting”, que tem um significado no inglês britânico, que demonstra muito nojo, muito asco, e que nenhuma palavra em português tem.

O que mais me impressiona é que não houve ninguém da oposição, e a oposição não moveu uma palha para que soubesse nada da roubalheira na Petrobras. Que tivesse lido algum artigo do professor Carvalhosa, e que o consultasse, ou o levasse à CPI para esclarecer essas coisas que ele disse ao Anchieta.

Por exemplo, ele disse que ao dizer que não podia saber do roubo da Petrobras, o Gabrielli praticamente convocou todos os ladrões do Brasil que ainda restam, se é que ainda há alguém fora da Operação Lava Jato, a irem roubar na Petrobras, o que se chama de incitação ao crime. Pois bem, não houve nenhum parlamentar da oposição que sequer lembrasse ao Gabrielli o fato de ele ser, além de cínico, invertebrado, porque eu me lembro muito bem de uma reportagem de Consuelo Dieguez na revista Piauí, na qual ela dava um depoimento de Haroldo Lima tentando defender exatamente o Gabrielli da perseguição de Dilma, que o demitiu e que colocou em seu lugar Graça Foster e que tentou de todos os meios incriminá-lo por tudo o que foi feito na Petrobras para ela própria se isentar disso.

Deu no que deu, como o próprio Lula, a Dilma cometeu sincericídio. Mas isso não mudou nada no que o Gabrielli disse, porque o Gabrielli, além de pensar que todo mundo é idiota e que ele é capaz de enganar todo mundo, ele também não tem coluna vertebral, porque depois do que a Dilma fez com ele, não era pra ele estar fazendo esse papel de palhaço para todo o Brasil.

Felizmente, o que o está destinado a ele é um pedacinho, um espaço em uma cela na Polícia Federal em Curitiba, junto com os outros que participaram desta roubalheira. Fazer o que, né?