Parece que Dilma terceirizou o governo
O senador Aécio Neves (MG), presidente do PSDB, divulgou uma nota nesta segunda, depois do anúncio de medidas na área fiscal feito pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, em que se lê o seguinte:
“Onde está a presidente?
O Brasil está assustado com o tamanho da herança maldita que o primeiro governo Dilma deixou para o país. Apagão, racionamento de energia, aumento de impostos, cortes de direitos trabalhistas já preocupam e demonstram como milhões de brasileiros foram enganados durante a campanha eleitoral. Os erros do governo do PT não podem mais ser ‘escondidos embaixo do tapete’. E a conta de todos esses erros será, injustamente, paga pela população.
Em meio a tudo isso, o país se pergunta: onde está a presidente?
Duas características são essenciais a um governante: responsabilidade e coragem.
Durante a campanha eleitoral, faltou responsabilidade à presidente. Focada apenas em vencer as eleições, a candidata adiou medidas necessárias que agora, diante de um quadro agravado, vão custar ainda mais caro à população.
Hoje, falta à presidente coragem para olhar nos olhos dos brasileiros e reconhecer que está fazendo tudo o que se comprometeu a não fazer.
Ao se omitir no momento do anúncio de medidas que afetarão gravemente a vida do nosso povo, a presidente parece querer terceirizar responsabilidades que são essencialmente dela.
A pergunta que milhões de brasileiros se fazem hoje é: onde está a presidente?”
Retomo.
É evidente que as medidas anunciadas por Joaquim Levy vão na contramão de tudo o que prometeu a candidata Dilma Rousseff. O estelionato é, então, duplo: em primeiro lugar, elas revelam um país que não apareceu na campanha eleitoral. Ao contrário: Dilma afirmou que o Brasil estava pronto a entrar numa nova etapa de desenvolvimento.
Quem conhecida o riscado sabia que se tratava de uma mentira escandalosa. Mas quantos dispunham dos dados necessários para entender o que estava em curso?
Ao omitir dos brasileiros as dificuldades por que passava o país, a presidente também escamoteou as escolhas que seria levada a fazer. De certo modo, o estelionato é triplo: ela foi além de dizer que não faria o que está fazendo: acusou seu adversário de ter a agenda que ela própria aplica agora.
Há mais a dizer: quando se tratou de anunciar o desastrado corte da tarifa de energia, Dilma foi duas vezes à televisão. Agora, largou para o ministro da Fazenda a tarefa de anunciar o pacote de maldades que ele também negou solenemente que estivesse em curso em café da manhã com jornalistas na semana passada. Não que devesse antecipá-lo. Mas por que negar?
Dilma assumiu o segundo mandato faz 20 dias e conquistou a reeleição faz três meses. Largar para o ministro da Fazenda a tarefa de anunciar um pacote dessa magnitude corresponde, sim, a terceirizar o governo.
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