Pesquisa avalia impacto no governo da corrupção da Petrobras

  • Por Jovem Pan
  • 08/12/2014 12h28
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Reinaldo, no domingo, a Folha divulgou pesquisou sobre o impacto da corrupção da Petrobras no governo Dilma. Você concordou com a análise feita pelos comandantes do instituto?

Não, e vou dizer porque. Neste domingo, a Folha traz os números que revelam como os brasileiros enxergam o escândalo do Petrolão. São muito ruins para a presidente Dilma, embora alguns possam achar, por erro ou interesse político, que a coisa não é assim tão grave para a petista. Para 43% dos que responderam à pesquisa, a presidente tem “muita responsabilidade” na roubalheira; afirmam que ela tem “um pouco de responsabilidade” outros 25%. Assim, nada menos de 63% entendem que a governanta, em algum grau, tem de responder pelos desmandos. Só 20% acham que a mandatária não tem nada com isso, e 12% não souberam responder. A Folha ouviu 2.896 pessoas em 173 municípios, no dias 2 e 3 de dezembro, com margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos.

A despeito dos esforços do governo e da campanha eleitoral do PT para transformar em vilões os que apontam a ladroagem, o escândalo da Petrobras “pegou”. Dizem ter ouvido falar do assunto 84%; 28% se consideram bem informados; 42%, “mais ou menos bem informados”, e 14%, mal informados; só 16% ignoram o assunto.

Sigamos. Apesar disso, o efeito negativo da sem-vergonhice na imagem do governo ainda é limitado – mas pode vir a preocupar, já chego lá. A gestão Dilma segue sendo ótima ou boa para 42%, número idêntico ao do dia 21 de outubro. Cresceram de 20% para 24% os que a tomam como ruim ou péssima, e caíram de 37% para 33% os que a veem como regular.

Há um texto na Folha assinado por Mauro Paulino, diretor-geral do Datafolha, e Alessandro Janoni, diretor de pesquisas, em que se afirma o seguinte, prestem atenção: “No caso de corrupção na Petrobras, apesar de a grande maioria ter ouvido falar do tema e ver a responsabilidade da presidente no episódio, efeitos mais expressivos na imagem da petista são anulados pelo reconhecimento por parte dos entrevistados de que, no seu governo, há investigação e punição dos envolvidos”.

Pois é. O que leva a dupla a afirmar que uma coisa anula a outra, o que me parece não ter fundamento nenhum? Vamos ver. Indagados em qual governo houve mais corrupção, os que responderam a pesquisa puseram o de Dilma em segundo lugar, com 20% – só perdendo para o de Collor: 29%. Mas 46% afirmam que a gestão da governanta é aquela em mais se investiga, e 40% sustentam que é aquela em que mais se pune. Será que isso anula mesmo a percepção de que Dilma é a responsável pelos desmandos na Petrobras, como querem os comandantes do Datafolha? Acho que não.

E por quê? Porque, obviamente, expressiva maioria ou não tem memória de governos passados – alguns eram bebês, crianças ou nem tinham nascido – ou simplesmente não se lembram de punições porque os casos de corrupção não eram tão presentes. Querem um exemplo? Só 1% afirmou que a gestão Itamar foi aquela em que mais se puniu; esse mesmo 1% entende que foi o governo em que mais se investigou, mas também ficou em 1% os que afirmaram que foi o governo mais corrupto.

Assim, uma coisa não anula outra. A estarem certos os números – e não entendi por que nem a Folha nem o Datafolha deram visibilidade aos dados -, no dia 21 de outubro, era de 29 pontos o saldo favorável ao governo entre os que achavam que a situação econômica do país iria melhorar (44%) e os que achavam que iria piorar: 15%. Agora, os dois grupos estão bem próximos, e o saldo caiu de 29 para 5 pontos: apenas 33% dizem que vai melhorar, mas 28%, que vai piorar. Com margem de erro de 2 pontos para mais ou para menos, é quase empate técnico.

Tudo o mais constante – as notícias sobre a roubalheira e o mau desempenho da economia -, é só uma questão de tempo para que os dois fatores incidam negativamente na popularidade da presidente. Dilma viverá, fiquem certos, dias mais difíceis do que sugerem os comandantes do Datafolha.

 

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