Pesquisas devem ser mais abrangentes para captar realidade atual
Há duas semanas, na madrugada do dia 9, para a alegria de uma parte dos americanos, para a desolação de outra parte e para o choque de boa parte das empresas de pesquisas eleitorais, saiu a confirmação de que Donald Trump derrotara Hillary Clinton.
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Hora de fazer o balanço e entender os erros nas pesquisas. A consultoria de risco Eurasia, esteve entre as equivocadas (projetando vitória de Hillary) e fez uma avaliação preliminar do erro. E salienta que foi um erro mais abrangente, pois 2016 foi um ano ingrato para os institutos de pesquisas em razão das surpresas que eles tiveram em outras eleições e referendos, como Brexit e Colômbia.
Na avaliação da Eurasia, as firmas de pesquisas se equivocaram com o perfil e/ou número de votantes, um erro que provavelmente ocorre com mais frequência em períodos de aguda mudança social e de amplo descontentamento, como neste momento em especial nas economias mais ricas.
Em face disso, a recomendação é dar maior peso a variáveis que medem exigências dos eleitores e descontentamento social, em particular com o carregado calendário eleitoral adiante na Europa.
Em termos imediatos, há o referendo constitucional na Itália no próximo dia 4. No ano que vem, são eleições presidenciais na Áustria e na França, além de eleições parlamentares na Holanda e Alemanha. São votações que devem ser medidas com cautela. De um lado, a vitória de Trump foi uma injeção de otimismo para os populistas europeus. No entanto, ao mesmo tempo, é erro se apressar na conclusão de que a história se repetirá.
É verdade que existem sentimento de ceticismo em relação ao projeto europeu, hostilidade contra imigrantes e insatisfação generalizada com as elites. Ainda assim, a Eurasia insiste que permanecem obstáculos significativos para a Frente Nacional, de extrema direita, capitaneada por Marine Le Pen, vencer na França no segundo turno em maio que vem, em razão do voto útil no candidato da centro-direita, provavelmente François Fillon.
O ponto a ser destacado é a necessidade de uma abordagem mais abrangente nas pesquisas, em especial em tempos de volatilidade social. Indicadores de descontentamento social, e quais fatores estão influenciando o sentimento dos eleitores, serão tão importantes para serem examinados como a simples intenção de voto num candidato.
Quanto a mim, farei o possível para manter meu voto de confiança nas pesquisas, com uma dose de desconfiança.
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