Petrobras patrocina o Congresso para tentar mudar lei anticorrupção e perdoar empreiteiras que reconhecem erro

  • Por Jovem Pan
  • 20/08/2015 10h01
***FOTO EMBARGADA PARA INTERNET-CAPA DIÁRIO DE SÃO PAULO*** SÃO PAULO, SP, 14.11.2014: OPERAÇÃO LAVA JATO - Policiais federais e agentes da receita durante a Operação Lava Jato realizam mandado de busca e apreensão na sede da construtora Camargo Corrêa, localizada a avenida Brigadeiro Faria Lima, 1663, na região dos Jardins, em São Paulo, nesta sexta-feira (14). (Foto: Luciano Amarante/Folhapress) Folhapress Policiais federais na sede da Camargo Corrêa em 2014

Qual o significado da adesão da Camargo Correa à leniência com o Cade, admitindo ter participado de corrupção em contratação de obras públicas e garantindo que devolverá 104 milhões de reais aos cofres do governo que foram tungados?

É da maior relevância saber que a Camargo Correa, ré na Lava Jato, fez acordo de leniência com o Cade, órgão público federal, e admitiu pagar 104 milhões de reais de volta do que roubou.

É para se ter uma ideia do tamanho desse roubo e do tamanho do absurdo que é a possibilidade de se mudar a lei anticorrupção para perdoar empreiteiras que participaram de corrupção, como denunciou o advogado Modesto Carvalhosa, um dos maiores especialistas no Brasil em combate à corrupção, em artigo no jornal “O Estado de S.Paulo”, de que a Petrobras está patrocinando no Congresso uma tentativa de mudar a lei anticorrupção para perdoar essas empreiteiras que estão reconhecendo erro, o que é um absurdo.

Nesse mesmo espaço no jornal “O Estado de S.Paulo”, o filósofo José Arthur Gianotti publicou nesta quarta-feira brilhante artigo mostrando a corrupção como forma de poder, fazendo a seguinte pergunta: “O germe da nova corrupção que o lulopetismo instalou no país reside em quê?”.

O PT tem uma enorme massa de militantes, e para ela agir politicamente para poder ajudar em uma governabilidade mediante alianças, foi necessário montar e financiar uma cara máquina pública.

Nesta mesma quarta-feira, os jornais publicaram um brilhante pronunciamento do decano do STF, Celso de Mello, que já teve brilhante participação no julgamento do Mensalão, ao negar, entre outros colegas, habeas corpus pedido pelo lobista Fernando Baiano, acusado de ser intermediário de propinas do PMDB e preso na Lava Jato em Curitiba.

Eu quero terminar esse comentário lendo para você a frase do ministro, que é uma frase absolutamente precisa, exata, cirúrgica. Disse o ministro: “Este processo de habeas corpus parece revelar um dado absolutamente impressionante e profundamente preocupante: o de que a corrupção empregnou-se no tecido e na intimidade de alguns partidos e instituições estatais, transformando-se em conduta administrativa, degradando a própria dignidade da política, fazendo-a descer ao plano subalterno da delinquência institucional”. Fecho aspas e tenho dito.

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