Pingo Final: Brasil fica melhor sem Cunha, sem Lula e sem a esquerda acadêmica

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 15/06/2016 11h56
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Brasília - Presidente da Câmara, Eduardo Cunha, fala da decisão do ministro STF, Marco Aurélio Mello, de obrigar a instalar comissão para impeachment de Michel Temer (Valter Campanato/Agência Brasil) Valter Campanato/Agência Brasil Eduardo Cunha classificou como "absurdo" o ordenamento de Marco Aurélio Mello

Eu fico com a tal sensação da vergonha alheia a cada vez que o deputado afastado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), também presidente afastado da Câmara, nega a existência de provas de que tenha conta no exterior, ponto em que sua defesa também insiste.

Tenho paixão pelo direito, como sabem os que me leem. Muitos dos meus amigos são advogados — em número, talvez só percam para os médicos: o preço da hipocondria é a eterna vigilância, rsss… As novas gerações da minha família e das respectivas famílias de amigos caminham para o espírito das leis. Tendo a ser legalista e, como posso dizer?, literalista: se o texto legal é explícito, aplique-se; só vamos especular sobre as intenções do legislador se houver vazios nessa explicitação

Mas isso não significa, obviamente, um compromisso com a hipocrisia.

Quando o senhor Eduardo Cunha negou que tivesse conta no exterior, não estava se apegando a uma formalidade. Não se tratava de afastar de si a suspeita de que mantivesse em país estrangeiro uma conta corrente. O que ele estava dizendo aos brasileiros e aos eleitores é que não mantinha dinheiro no exterior. Se esse dinheiro — aquela coisa que compra feijão e com que se paga o açougue — estava na forma de conta corrente ou de um trust, a diferença é de uma irrelevância, também ela, escandalosa. O deputado mentiu.

Cunha não deixa de prestar um serviço ao Brasil. Nem ele se dá conta disso. De fato, e isto precisa ser reconhecido, ele teve um papel importante no desmonte do PT. E por quê? Roberto Jefferson, que não é um santo, interpretou o enigma: porque era preciso que houvesse alguém que jogasse tão bem o jogo que joga o partido. Cunha é o triunfo da falta de escrúpulos, da ausência de limites, do pragmatismo mais cego.

“E que serviço ele presta, Reinaldo?” Ele expõe de tal sorte o amoralismo da política que nos deixa enfarados, enfastiados, com o saco cheio. Cunha leva ao limite do insuportável as franjas da ética. De tal sorte ele relativiza o bem que, depois de algumas jornadas, o capeta fica parecendo um cara bacana porque, afinal, tem alguns princípios.

Não, senhores! Não é mero acaso que Cunha esteja caindo em desgraça junto com Luiz Inácio Lula da Silva. Ambos sabem muito bem o nome do que praticam.

Há apenas uma diferença relevante entre eles: Cunha está indo para o buraco sem gerar fortuna crítica; sem um séquito de intelectuais uspianos a lhe lamber as botas. Lula vai para o lixo levando consigo boa parte da esquerda acadêmica.

Que bom! O Brasil fica melhor sem Cunha, sem Lula e sem a esquerda acadêmica!

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