Pingo Final: MBL, ruralistas e evangélicos juntos? Que bom! Viva o progressismo!

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 02/05/2016 10h25
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Vista do Congresso a partir do mastro da bandeira nacional na Praça dos Três Poderes, em Brasília. 19/11/2014 REUTERS/Ueslei Marcelino REUTERS/Ueslei Marcelino Vista do Congresso a partir do mastro da bandeira nacional na Praça dos Três Poderes

Reportagem da Folha desta segunda informa que o MBL (Movimento Brasil Livre) — um dos principais organizadores das megamanifestações em favor do impeachment de Dilma —, ruralistas e evangélicos se unem por agenda liberal.

É claro que as esquerdas vão chiar: “Olhem aí! Viram só? Bem que nós avisamos!”. Pois é… “Viram” exatamente o quê? Estranho seria se um movimento de caráter claramente liberal se unisse à CUT, ao MST e ao MTST.

O MBL atuou em parceria com representantes da CNA e da bancada evangélica em favor do impeachment. Leio na Folha o seguinte: “Os três grupos não pretendem desfazer a união e têm reunião conjunta marcada para esta terça (3). Juntos, fazem planos para influenciar as votações no Congresso em torno da defesa de um Estado mínimo, de pautas conservadoras, da reforma trabalhista e do ajuste fiscal”.

Não sei se a síntese é exatamente essa, mas vá lá. Eu nunca tenho claro o que quer dizer “estado mínimo” e duvido um pouco que o MBL o tenha conceituado. Eu sei o que é Estado necessário. Por exemplo: eu gostaria que ele fosse mais efetivo em segurança e que não fosse dono de banco e petroleira. Com eficiência, os brasileiros estariam mais seguros e seriam menos roubados, não é mesmo, Petrobras?

O que significa exatamente “pauta conservadora”? Não deve ser trocar cusparadas com Jean Wyllys ou perseguir negros e gays. O meu candidato a vereador em São Paulo, por exemplo, é um rapaz do MBL: Fernando Holiday, que é negro e gay. Mas não vou votar nele em razão dessa dupla condição, mas porque ele representa valores liberais e é contra o que chamo de “sindicalização do espírito”.

Já a reforma trabalhista e a responsabilidade fiscal, creio, são matérias de bom senso. Deveriam ser consideradas o eixo de uma militância “progressista”, desde que essa palavra não tivesse sido submetida a novilíngua orwelliana, que fez dela sinônimo de “esquerdista”.

A imprensa, na média, sabidamente, não gosta de evangélicos e ruralistas. Tratam as duas bancadas no Congresso como caricaturas do atraso, o que é pura estupidez e preconceito ideológico.
Coincidentemente, um amigo me mandou há pouco trecho de um texto deste escriba que circula nas redes.

Retomo

Em conversa com a Folha, Renan Santos, um dos coordenadores do Movimento Brasil Livre, anuncia a disposição de combater o reajuste dos servidores do Judiciário Federal. Foi aprovado regime de urgência para a tramitação da proposta, que eleva os salários em até 41% até 2019, com impacto previsto de R$ 6,9 bilhões. “Qual a coerência disso?”, pergunta Santos. Resposta: nenhuma!

É isso aí. Já defendi aqui há tempos que o MBL e outros movimentos que lutaram em favor do impeachment passem a operar no interior dos partidos — com a concordância destes, é claro — e a atuar com marca própria. Do mesmo modo, vejo com muitos bons olhos a aproximação desses grupos com bancadas temáticas do Congresso.

Afinal, chegou a hora de as pessoas que produzem riquezas se articularem para enfrentar as que produzem apenas discursos.

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