Pingo Final: Na Câmara, não faz sentido um nome da base ter apoio do PT e do PCdoB

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 11/07/2016 09h24
Luis Macedo/Câmara dos Deputados Rodrigo Maia é cotado para liderança de eventual governo Temer na Câmara

Michel Temer faz muito bem, e escrevi isto aqui, em não se meter diretamente na disputa pela Presidência da Câmara, neste mandato-tampão que vai até fevereiro de 2017. E as antigas oposições, hoje na situação, fariam melhor ainda se vissem a disputa com olhos estratégicos. Por que digo isso?

O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ) está entre os pré-candidatos à vaga aberta com a renúncia de Eduardo Cunha (PMDB-RJ) ao primeiro posto da Câmara. Não parece que possa ser o candidato do chamado Centrão. Teria de apelar a outras forças.

E eis que vemos, então, um candidato do DEM a flertar com parlamentares do PT e do PCdoB. Bem, cada um faça como quiser, mas, até onde vejo, eis aí uma péssima ideia. Ainda que os xiitas do petismo tendam a resistir, é claro que esse é um arranjo que mais interessa aos companheiros do que às correntes que chegaram ao poder com a queda de Dilma Rousseff.

Até porque sabemos como funcionam essas coisas no Parlamento. O apoio do PT e do PCdoB há de custar alguma coisa. O quê? Criar dificuldades, por exemplo, para a agenda liberalizante? Não sei. O que me parece certo é que os petistas têm de voltar a experimentar, ora essa!, o aprendizado que é pertencer à oposição.

Qualquer solução que implique um compromisso político com os derrotados no processo de impeachment é, por óbvio, uma má solução. Na democracia, é normal haver perdedores. Aliás, é desejável que haja. Ou quem perde é o povo.

Nos bastidores, há versões para todos os gostos. Uma delas dá conta de que o próprio Moreira Franco (Programa de Parcerias de Investimentos) estaria estimulando o voo de Rodrigo Maia. Outros dizem que isso é conversa mole.

Prefiro acreditar que esse tal estímulo não passa de boato. Até porque parece óbvio que o bom senso está a indicar que o melhor nome para o governo é um que conte com o apoio do tal Centrão — o que quer dizer que é também absolutamente palatável para a maioria do PMDB.

Não vejo nenhum motivo razoável, a menos que ele não queria, para que não se escolha Rogério Rosso (PSD-DF), deputado que presidiu a Comissão Especial do Impeachment e que se comportou com grande habilidade. Vamos convir: aquilo poderia ter sido uma bagunça, e ele soube conduzir muito bem os trabalhos, com a devida isenção.

Os partidos que compunham a oposição ao governo Dilma — PSDB, DEM e PPS — têm, obviamente, todo o direito de pleitear o comando da Câmara a partir de fevereiro de 2017. Bem, que se dediquem, então, à negociação política agora, buscando algo como uma solução de compromisso. O que me parece imperioso hoje é que o nome escolhido consiga ser o mais amplo possível, MAS DENTRO DA BASE DE APOIO AO GOVERNO.

Até porque o PT e o PCdoB, por decisão de seus comandos, já deixaram claro que seu objetivo é sabotar o governo Temer. E quem sabota não pode participar ativamente de um processo que tem essa importância.

Era só o que faltava! A eleição da Câmara não pode fazer, ainda que com as devidas reservas, vitoriosos entre PT e PCdoB e derrotados entre a base do governo.
Não faz sentido.

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