Pingo Final: O MBL, o Vem Pra Rua, este blogueiro e a boçalidade da extrema burrice, disfarçada de extrema direita

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 11/01/2016 11h02

Manifestantes a favor da intervenção militar na Paulista

Jovem Pan Manifestantes a favor da intervenção militar na Paulista

O Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua, mais aquele do que este, passaram a ser alvos de ataques os mais brutais de certas correntes de pensamento — se é que merecem essa designação — depois que decidiram deixar claro que as forças políticas no país se dividem em duas vertentes: há as golpistas — que, por sua vez, se distinguem em mudancistas (anti-PT) e continuístas (petistas) — e as antigolpistas, nas quais se incluem os dois citados movimentos.

A partir de certo ponto da trajetória da luta em favor do impeachment, fez-se necessário distinguir os que querem o golpe de esquerda (petistas e assemelhados) ou de direita (os fetichistas da botina e uniforme) dos liberais, que pedem apenas o triunfo das instituições e reconhecem que o impeachment tem previsão constitucional (Artigos 85 e 86) e regulamentação legal — Lei 1.079. Ou por outra: negar-se a reconhecer os crimes óbvios cometidos por Dilma golpeia a Carta e a Lei; pedir que os militares afastem Dilma, em vez de apelar aos dispositivos próprios para tanto, golpeia a Lei Maior e a Menor.

Assim, cumpria ao Movimento Brasil Livre e ao Vem Pra Rua — e é tarefa de todo e qualquer grupo comprometido com a democracia — distinguir-se da retórica golpista, que, de resto, carrega, além de uma tese ridícula, o ridículo do discurso bolorento, marginal, apequenado, irrelevante e caricato.

Seus defensores lembram leões banguelas de circo mambembe. Os primeiros a lhes dar de ombros são os militares. Uns poucos da reserva que resolvem lhe emprestar o pijama mal se mantêm no terreno da sanidade. Já conferi quatro palestras no Clube Militar. Não encontrei golpistas por lá. Se existem, não vieram falar comigo. Já falei três vezes no Comando Militar do Sudeste. Se existem golpistas por lá, também não vieram falar comigo. Os que defendem a intervenção militar representam a quem, além da própria loucura?

Estava de férias. Não estou mais. Alertam-me de que os mesmos que hoje atacam as lideranças desses dois movimentos aproveitam para descer o braço também neste comentarista. Eu estaria sendo tratado como “conselheiro” do MBL e do Vem Pra Rua, afirmação — nem acusação é — que se situa um pouco abaixo da linha do ridículo.

Não sou conselheiro de ninguém. Mantenho, e eles sabem disto, divergências com os dois movimentos, que, por sua vez, também não se confundem — ainda bem! Aliás, essa concepção de “política” como ação de “conselheiros” remete a uma herança mafiosa, que deve ser repudiada.

Em junho deste 2016, meu blog completa 10 anos. A palavra “petralha” foi criada bem antes. Estou na luta contra o mal que o PT representa ao Brasil e aos brasileiros há muito tempo. E sabem o que o MBL e o Vem Pra Rua me devem? Nada! A não ser o respeito que se dispensa a interlocutores, com os quais se pode concordar, dos quais se pode divergir.

Uma das coisas que admiro nos rapazes e nas moças desses dois movimentos é sua autonomia — que não deve se confundir com ignorância histórica. E ignorantes eles não são. Têm, aliás, uma grande virtude: nenhum deles foi de esquerda ou flertou com a esquerda.

Contam-me, no entanto, que, enquanto eu lagartixava na areia, fui duramente atacado nas hostes bolsonarianas porque eu seria um dos responsáveis pelo suposto desvio de rota desses dois movimentos. Os que acusam tal desvio gostariam de ver essa moçada de braço dado com “sordado”, como o bêbado na música “Marvada Pinga”.

O Brasil precisa de uma agenda, não de ódio, recalque, boçalidade e rancor oportunistas — e, em alguns casos, bem remunerado. O MBL e o Vem Pra Rua, até onde acompanho, estão empenhados em construir algo mais na política do que o simples “Fica Dilma” ou “Sai Dilma”.

Se os rapazes e moças desses dois movimentos quiserem saber o que penso, podem ler o meu blog; se quiserem que eu lhes aponte o caminho da salvação, pedirei que consultem um padre, um rabino, um monge budista… Não sou candidato a aiatolá de ninguém. E quem disser que sabe esse caminho estará, naturalmente, mentindo. Eu posso, no máximo, lhes dizer os valores com os quais opero: liberdades públicas, liberdades individuais, economia de mercado, democracia como valor universal, Estado apenas regulador…

E, como é sabido, não tenho tara por uniforme, botina e afins.

Essa gente é ridícula! O PT está em decadência, sim. Na sua essência, já morreu. Mas é uma estupidez imaginar que o aparelho vá abandonar o estado da noite para o dia. 

Que o Movimento Brasil Livre e o Vem Pra Rua sigam sua trajetória de defesa da democracia como têm feito os dois movimentos. Porque, de fato, não vai haver golpe no Brasil. O que deve haver é o impeachment.

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