Pingo Final: O que há de secreto na renúncia de Eduardo Cunha? Nada! Só a derrota!

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 08/07/2016 10h18
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Brasília - O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), renunciou há pouco à presidência da Casa (Marcelo Camargo/Agência Brasil) Marcelo Camargo/Agência Brasil Eduardo Cunha renuncia à Presidência da Câmara

Eduardo cunha era tão convincente em se fingir de Eduardo Cunha que, mesmo agora, quando não há mais espaço para a farsa, aguarda-se um milagre: “Ah, não é possível! Será que isso aconteceu mesmo com Cunha?” Ah, aconteceu, sim, e não é verdade que ele ganhe sempre. Às vezes, vence o bom senso; às vezes, vence a lei.

Recebi em meus endereços pessoais nas redes sociais várias mensagens com conteúdo mais ou menos parecido: “Vai, conte aí qual é a jogada de Cunha, o que ele pretende….”

Olhem, eu não sou adivinho e não sei qual é “a” jogada de Cunha, mas posso dizer uma coisa com absoluta segurança: ele lutou bravamente para que as coisas não chegassem às atuais circunstâncias; ele lutou bravamente para não ter de renunciar. E, no entanto, renunciou.

Ninguém que estivesse por cima da carne seca seria compelido a tanto. Tratava-se do segundo cargo mais importante do país que se pode exercer de modo ativo. Explico: um vice precisa que o titular caia em desgraça para se fazer valer. O presidente da Câmara é vital mesmo em tempos de paz. E esse era o caso de Eduardo Cunha.

Ontem, ao voltar pra casa, o motorista de táxi me identificou e cobrou: “Vai, conte aí: o que e há por trás disso?…” O “isso” era justamente a renúncia de Cunha. Ora, minhas caras, meus caros, há muito pouco nesse caso além daquilo que a vista alcança. Sejamos objetivos: alguém acha que uma pessoa que tivesse chances de se livrar, que estivesse bem, faria o que fez Eduardo Cunha? Ora, a resposta está nada já na pergunta.

Não gostamos de pensar que há fragilidades no mundo que independem da nossa vontade. Mas o fato é que há, sim. “Ah, que durma em lugar quente!” De fato, a nossa boa-vontade pode fazer muito pouco por Cunha. A sua carreira política está liquidada.

É uma pena? Se vocês querem a opinião de alguém que dá valor ao talento genuíno; que reconhece habilidades específicas, eu digo: é uma pena! Se vocês esperam um endosso à moda como Cunha faz política, aí a resposta é uma só ou com um sentido único: tirem o cavalo da chuva! Isso não vai acontecer.

Em suma, minhas caras, meus caros, convém a gente considerar a realidade tal e qual ela se mostra. Cunha não renunciou à presidência da Câmara porque esteja em condições de manipular isso ou aquilo. Ele só pediu para sair porque, hoje, seu espaço se estreitou bastante.

Não se é Eduardo Cunha na vida como se é Antônio ou José. Isso tem um preço. Se Cunha reunisse condições para escolher, teria ficado com o cargo. Só não fica, perdoem-me a obviedade, porque não reúne as tais condições.

Ou por outra: Cunha não está renunciando por delicadeza, preciosismo ou boniteza. Pediu para cair fora por precisão.

Seu gesto nada tem a ver com o de uma pessoa vitoriosa. Se o quase choro ao anunciar a renúncia era sincero ou não, prefiro não julgar. Uma coisa é certa: motivos para lamentar não lhe faltam.

Convém registrar: Cunha foi derrotado. Cunha está acabado.

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