Pingo Final: Petrobras patrocinar evento contra impeachment não é muito diferente do petrolão
Não adianta!
Eles não têm limites!
Neste momento, em Porto Alegre, a Petrobras está sendo vítima de uma variante do petrolão — uma variante mais difícil de perceber.
Realiza-se na capital gaúcha o tal Fórum Social Mundial, que já apelidei, no passado, de “Disneylândia da Esquerda’. Hoje em dia, nem isso é. Os valentes perderam a eleição parlamentar na Venezuela, a presidencial na Argentina, estão pelas tabelas no Brasil, em declínio na Bolívia e sem muita saída no Chile. Afinal, o tal “outro mundo possível” de que tanto falavam, no Brasil, tem a cara do mensalão, do petrolão, do assalto aos cofres públicos, da recessão, do desemprego, da ladroagem.
Assim, qual vai ser a pauta? Para disfarçar, dizem, vão debater coisas como “democracia, economia solidária, mídia livre, educação, direitos e empoderamento das mulheres”. Vale dizer: tudo conversa mole.
O objetivo mesmo desta edição do fórum é se manifestar contra o impeachment da presidente Dilma Rousseff e em favor da cassação do mandato do deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara. Mais chapa-branca, impossível.
E não é só isso. Também haverá um “debate” sobre golpismo com a participação de políticos petistas. A estrela da patuscada será Tarso Genro, ex-ministro do governo Lula e ex-governador do Rio Grande do Sul. Ministros de Dilma estarão presentes, como Miguel Rosseto (Trabalho e Previdência) e Tereza Campello (Desenvolvimento Social e Combate à Fome).
Muito bem! Aquilo que já foi a Dineylândia da esquerda hoje não passa de um parquinho mequetrefe, com brinquedos quebrados, enferrujados, antigos. Todas aquelas tolices redentoras do passado acabaram virando uma extensa folha corrida de crimes. Mas eles são esquerdistas e não desistem nunca de tomar o nosso dinheiro.
A Petrobras é uma das patrocinadoras do evento. É um acinte! É um achincalhe! É um absurdo! É uma barbaridade! E por razões as mais distintas, que se combinam.
Em primeiro lugar, a Petrobras deveria cortar a zero a sua verba publicitária e seus patrocínios. Por uma questão de decoro. A empresa vive o pior momento de sua história, num processo agressivo de desinvestimento. As pessoas comuns que compraram ações viram derreter seu suado dinheiro. Em muitos aspectos, a estatal é uma espécie de monopolista. Boa parte de sua propaganda é cascata meramente adjetiva: não vende produto, não procura ganhar o consumidor, não disputa espaço no mercado.
Mas isso ainda é o de menos: a empresa é o epicentro da atual crise política; é o palco principal de atuação da quadrilha que assaltou o país. E o assalto, sabemos todos, serviu a bandidos, mas também a um projeto de poder: o do PT. Ficou muito claro que a estatal estava sendo usada para o PT fraudar as regras do jogo democrático. Petistas e aliados tratavam a estatal como quintal de seus interesses privados.
Ora, quando a empresa patrocina um fórum cujo objetivo é só produzir proselitismo em favor do governo de turno, cumpre indagar: será que isso é muito diferente, em essência do petrolão? A resposta é óbvia: não!
É evidente que se trata do uso de recursos públicos em favor da camarilha que está no poder, ainda que tal uso assuma outra face.
Não há movimentos sociais no fórum de Porto Alegre! O que há, na maioria dos casos, são pançudos de esquerda, que recebem direta ou indiretamente farto financiamento do governo federal. Quando a Petrobras patrocina um evento contra o impeachment, está cometendo um crime político e moral: afinal, a empresa também pertence àqueles que querem que Dilma seja demitida pelas vias legais.
Mas pensemos: por que eles não fariam mais essa?
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