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Por ora, o Times merece uma medalha de desinformação

Presidente afastada Dilma Rousseff

Meu Twitter é inundado pela cobrança do tipo: Caio, você adora o New York Times, então não vai endossar o editorial do jornalão? Na verdade, eu vou fazer aqui um editorial contra o editorial de segunda-feira (6) do Times com o título Medalha de Ouro do Brasil por Corrupção.  

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E, para o jornal, quem merece a medalha? O governo interino de Michael Temer e sua equipe corrupta e da elite branca. Para o lulopetismo, nem uma medalha de prata, de bronze, de latão por corrupção.

Pelo contrário, a presidente afastada Dilma é tratada como uma vítima. Existe suspeita sobre os motivos do afastamento, como se  o impeachment tivesse apenas servido para tirar do caminho as investigações da Operação Lava-Jato.

O texto não faz menção às denúncias do ex-senador Delcídio do Amaral sobre o esforço olímpico de Dilma justamente para obstruir a Lava Jato.

Desinformado, a narrativa trata Dilma como uma paladina da transparência e do combate à corrupção. Já as promessas do governo Temer de combater o mesmo mal são definidas como vazias.

Fora de contexto, sem nunca mencionar as manchas negras do lulopetismo, o periódico salienta que, caso queira ganhar a confiança dos brasileiros, Temer deveria adotar passos significativos contra a corrupção, como acabar com a imunidade e o foro privilegiado de ministros e parlamentares envolvidos em casos de crimes contra o Estado.

Sim, o Brasil deve combater sua sujeira histórica com vassouradas mais enérgicas, mas o maior jornal norte-americano precisa escrever artigos mais bem informados e que levem em conta a complexidade da crise brasileira. Por ora, o Times merece uma medalha de desinformação.

Tremendo em contrastes está a tal complacência do diário novaiorquino com o Brasil, ao mesmo tempo em que trata com real e afiada vigilância a degringolada derrocada da Venezuela bolivariana. Como destaque, o periódico trouxe, na última terça-feira (7), uma entrevista com Dilma Rousseff, tratada com dignidade, enquanto está enfurnada no Palácio do Alvorada, amargando humilhações. 

Coitadinha! Ela despeja as lamúrias ao repórter do jornal, que trata a crise do Brasil como uma briga entre facções criminosas.

A reportagem observa que Dilma tem esperanças de reverter a situação e se safar do impeachment no Senado graças aos passos mal dados do governo Temer, mas o New York Times observa que ela espera demais. 

A Dilma da reportagem é digna e fala outras línguas além de dilmês. Cita até Cícero, em latim, para denunciar o tal do golpe contra ela.

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