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A professora Angela e o bully Donald

Angela Merkel é recebida por Donald Trump em Washington

Estou com pena da professora, a dona Angela. Ela tentou explicar as coisas na sexta-feira para o maior bully na sua sala de aula, o Donald, e não adiantou nada.

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Imagine, ela foi na casa dele e o garoto estava amuado. Não apertou a mão no começo do papo e a alfinetou com sarcasmo barato e piada idiota sobre grampeamento. Ainda bem que a professora manteve a compostura e não puxou a orelha do bully em público. Ele ficaria ainda transloucado.

Ouça o comentário completo AQUI.

Este menino é terrível. Ele cria caso com todo mundo. Quase todo mundo. Parece que ele tratou bem no telefone um senhor bem apessoado, bem penteado que se chama Michel. Este senhor é de um lugar chamado América Latina, que fica além do muro que o Donald quer construir.

Mas a psicóloga da escola ainda fica incrédula com o bully. Suas brigas mais recentes foram com aqueles que deveriam ser seus melhores amiguinhos, até com o inglês cheio de pompa, embora seja basicamente um aristrocrata decadente.

Bem, ouvintes, chega de metáforas ginasianas. Na aula de geopolítica, é esta situação incompreensível do governo americano sob a gestão de Mr. Trump criando caso com aliados tradicionais dos EUA como a Austrália, Grã-Bretanha e a a Alemanha. Por default, Angela Merkel se tornou a líder do mundo livre, diante da abdicação deste papel pelos EUA.

Até em uma insossa reunião de ministros da Economia do G-20, no sábado, os americanos criaram caso para o documento não apregoar livre comércio e o acordo climático de Paris. Pelo visto, o slogan de Trump, America First, vai ter um upgrade para America Alone, America Sozinha.

Trump, o ignorante, não faz lição de casa. Pega de ouvido um monte de coisas que vê na televisão e sai tuitando por aí. No sábado, após o constrangedor encontro com Angela Merkel, ele tuitou bobagens sobre as relações dos EUA com a Alemanha, exigindo que o país pague mais pela defesa que recebe dos EUA. Houve várias explicações que a Otan, a aliança militar ocidental, é bem mais do que uma transação financeira.

De fato, como em várias instituições multilaterais, os EUA, o país mais rico e poderoso do mundo, têm um custo maior, mas é o preço para a preservação da estabilidade global e de contenção de ameaças. Esta ordem global sempre foi conveniente para os EUA no pós-guerra. O compromisso militar dos EUA no mundo não é um favor, mas um investimento nos seus próprios interesses. A Otan, sem dúvida, é um arranjo mutuamente benéfico para seus integrantes.

Ao criar caso com os principais aliados americanos, o bully Donald acaba fazendo o jogo daquele outro bully, o Vladimir, um que realmente dá muita dor de cabeça para a professora, a dona Angela.

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