PT impichou Dilma antes do Senado. Ou: Personagens de uma decadência sem estilo

  • Por Reinaldo Azevedo/Jovem Pan
  • 05/08/2016 11h09
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BRA05. BRASILIA (BRASIL), 12/05/16.- La presidenta de Brasil Dilma Rousseff, suspendida de su cargo por el Senado, habla acompañada por miembros de su gobierno hoy, jueves 12 de mayo de 2016, luego de abandonar el Palacio de Planato, la sede del Gobierno brasileño, al ser notificada de que el Senado le abrió un juicio político y que tendrá que dejar el cargo por 180 días. Rousseff afirmó hoy que en el juicio político al que será sometida no estará en juego su mandato, sino el "futuro" del propio país. "Dilma, guerrera de la patria brasileña", coreaban los cerca de 3.000 militantes del oficialista Partido de los Trabajadores (PT) y de movimientos sociales que apoyaban su Gobierno y se concentraron frente a la Presidencia y a los que Rousseff se unió. EFE/Antonio Lacerda. EFE/Antonio Lacerda Dilma Rousseff discursa ao lado de Lula do lado de fora do Palácio do Planalto

O conjunto da obra é tragicômico. Tem seu lado trágico porque personagens que já tiveram certa grandeza — hoje todos heróis de si mesmos — estão sendo severamente punidos pela realidade em razão de seu excesso de ambição. E a situação não deixa de ter a sua graça porque se mostram uns notáveis trapalhões. De certo modo, cada um deles articula a sua própria solidão, simulando um poder que não tem e emprestando à própria atuação a grandiloquência de uma farsa. É triste de ver.

A obra de referência aqui deve ser o magnífico filme “Sunset Boulevard”, dirigido por Billy Wilder, conhecido entre nós como “Crepúsculo dos Deuses”. Os personagens centrais desse drama cômico não viram o tempo passar. Estão todos mortos, mas ainda aspiram a uma grandeza e a um glamour que hoje só existem na memória e na vontade.

Falando a Natuza Nery, na Folha, Dilma, abandonada pelo PT, recebe versões e mais versões de uma carta em que vai anunciar seu apoio a um plebiscito. A população seria consultada sobre a conveniência de novas eleições.

Que importa que a proposta seja, sob qualquer ponto de vista que se queira, inviável. Há muito Dilma rompeu os fios que a ligavam à realidade. Tal uma Norma Desmond, a protagonista de “O Crepúsculo dos Deuses”, magnificamente interpretada por Gloria Swason, ela segue se comportando como estrela, ainda que tudo à sua volta já tenha ruído e só a irrelevância a aguarde, com seus enormes e terríveis tentáculos.

No dia 31 de agosto, mais tardar 1º de setembro, Norma deixará o Palácio da Alvorada e se mudará para lugar nenhum. Ocupará o rodapé da história como a presidente deposta que chamou o cumprimento da Constituição de golpe.

Enquanto ela insistia na tese do plebiscito, Rui Falcão, o presidente do PT, sustentava justamente o contrário. O partido não quer saber dessa história. Para todos os efeitos, continuará a advogar a volta de Dilma. Sabendo que isso não vai acontecer, Falcão já antecipa: a legenda fará uma espécie de memorial exaltando a obra de Lula e dará todo o suporte para o chefão do PT defender o seu legado. Ou por outra: o partido impichou Dilma da sua história antes que o Senado a tenha impichado do governo.

E Lula? Ah, este resolveu lançar candidaturas à Prefeitura em Cubatão e Santos. Mal tocou no nome do Dilma — também ele já se cansou desse assunto. Aquele que se imaginava uma espécie de reencarnação de Buda com Jesus Cristo foi flagrado sugerindo a meia dúzia de petistas em Cubatão que não votem em senadores que forem favoráveis ao impeachment… Para que isso fizesse ao menos algum sentido teórico, seria preciso que a maioria da população fosse contrária ao impedimento de Dilma. Ocorre que é a favor.

Arre! Essa gente tem de sair logo de cena e nos deixar em paz! Em uma coisa, a turma jamais lembrará “O Crepúsculo dos Deuses”: sua decadência não tem estilo; é de uma assombrosa vulgaridade.

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